A partir dos avanços tecnológicos, em 1913 surgiu a Neurospicologia, campo de conhecimento que conecta a Psicologia às neurociências, ao estudar como o funcionamento cerebral exerce influência na cognição e no comportamento humano.
Tendo sido reconhecida como especialidade em 2004, pelo Conselho Federal de Psicologia, a mesma tem avançado e se desatacado na avaliação e reabilitação funcional do cérebro. No texto a seguir discutiremos quais a diferenças entre um processo avaliativo psicológico e neuropsicológico.
A Neuropsicologia é o campo de estudo da Psicologia que mais se aproxima de Medicina à medida em que as interrelaciona por meio da Neurologia, interrelacionando as neurociências e a ciência comportamental.
A mesma surgiu a partir da multidisciplinaridade entre neuroanatomia, neurofisiologia, estatística, linguística e ciências comportamentais, estabelecendo-se como uma área de conhecimento dedicada ao estudo do comportamento humano através da compreensão do funcionamento cerebral.
A Neuropsicologia está presente em áreas como educação e trabalho, mas principalmente no campo da saúde, atuando no contexto clínico e hospitalar, pois se dedica a avaliar e intervir em casos de dificuldades cognitivas decorrentes de lesões neurológicas específicas. Realiza diagnóstico diferencial, prevenção e reabilitação de pacientes com limitações neurológicas, tanto estruturais quanto funcionais, assim como com transtornos neurológico e/ou psiquiátricos.
Ansiedade é um tema que já faz parte do nosso dia-a-dia, seja no ambiente de trabalho, acadêmico ou até em uma conversa entre amigos, o tema acaba por surgir em algum momento. Não é surpresa que com um estilo de vida cada vez mais acelerado, todos nós já tenhamos experimentamos algum nível de ansiedade. A ansiedade pode desencadear uma série de sintomas e um deles, menos conhecido, está relacionado a memória. No texto a seguir iremos apresentar o conceito de ansiedade e como ela pode afetar nossa capacidade de memorização.
Sabe aquele frio na barriga antes de falar em público, o coração acelerado ao perceber que podemos nos atrasar ou até mesmo pensamentos antecipatórios que nos impedem de dormir à noite? Essas podem ser algumas formas de manifestação da ansiedade. Porém, quando a ansiedade se encontra elevada pode surgir um outro sintoma.
Aquela chave que some bem na hora em que precisamos sair, aquele e-mail importante que deveria ter sido enviado, aquele branco na hora da prova. Essa podem ser manifestações ligadas a altos níveis de ansiedade. Mas antes de explorarmos como a ansiedade afeta a memória precisamos compreender o que é esse fenômeno do nosso organismo.
O que é memória?
A memória é um processo cognitivo que tem por finalidade armazenar e recuperar informações e ocorre através de 3 etapas distintas: a codificação, o armazenamento e a recuperação.
Codificação: Processo pelo qual informações são aquiridas. Neste momento inicial as informações percebidas pelos sentidos (visão, audição, tato, paladar, olfato, cinestésico e vestibular), são coletadas e modificadas para serem armazenadas da melhor maneira.
Armazenamento: O armazenamento pode ocorrer de diferentes formas, as quais possuem relação com tipo (memória episódica, semântica e processual) e o tempo que informações codificadas anteriormente necessitam estar na memória (memórias de curto, médio e longo prazo).
Recuperação: É o processo pelo qual as informações armazenadas são acessadas. Ou seja, o ato de lembrar.
A memorização envolve uma série de etapas as quais dependem dos processos atencionais. Habilidade importantíssima que é afetada quando os níveis de estresse e ansiedade estão elevados.
O papel da atenção
A memória envolve uma série de etapas, nas quais os processos atencionais possuem um papel fundamental. Os processos atencionais estão ligados às funções executivas e podem ser classificados em diferentes tipos, alguns deles são:
Atenção Concentrada: É a capacidade de estar atento a uma só tarefa, ou seja, de se concentrar um único objeto.
Atenção Alternada ou Dividida: Habilidade de intercalar o foco da atenção entre diferentes tarefas, de acordo com a necessidade.
Atenção Sustentada: Capacidade de manter a atenção em determinado estímulo por um longo período.
A atenção pode ser afetada pela ansiedade pois quando estamos ansiosos nosso cérebro se prepara para agir e o foco se torna o objeto de ameaça, seja ela físico ou psicológico. Mas nem sempre isso é algo ruim.
Ansiedade mocinha ou vilã?
Apesar do significado popularmente atribuído ao termo ansiedade, como algo desagradável que precisa ser combatido, a mesma é uma reação natural do organismo frente a possibilidade de um risco, no qual o corpo se prepara para reagir fugindo, paralisando ou lutando.
Ao perceber uma ameaça, seja ela física ou psicológica, o sistema nervoso simpático é ativado. Em uma fração de segundos, adrenalina é liberada na corrente sanguínea que faz com que o coração bata mais rápido, aumentando a pressão e dilatando os brônquios, o que aumenta a capacidade respiratória, fornecendo mais oxigênio e nutrientes aos músculos. Enquanto o corpo todo se prepara para a lutar ou fugir a atenção se concentra na ameaça percebida.
Quando estamos diante de uma situação que nos parece um risco, seja ela, uma freada brusca enquanto estamos atravessando a rua, ou a expectativa de apresentar aquele trabalho na frente da turma, todo o nosso organismo reage, provocando sensações como, coração acelerado, suor frio, frio na barriga, entre outros. Tudo isso é uma reação normal e importante do ponto de vista evolutivo e possui o objetivo de nos preservar de ameaças.
Mas o problema está quando essas reações são ativadas em momentos que não deveriam ou em excesso. Em outras palavras, em vez nos ajudar acabam por atrapalhar. É importante notar que nem toda ansiedade é prejudicial. Pelo contrário, um certo nível de ansiedade pode ajudar a melhorar o desempenho da memória ao nos tornar mais alertas e focados.
Medo ou ansiedade?
As reações anteriormente citadas podem ser desencadeadas tanto em situações de medo como em situações de ansiedade, mas qual seria a diferença entre as duas manifestações?
Aprenda a identificar sintomas e sinais do Transtorno da Personalidade Limítrofe (ou Borderline)
Você já sentiu medo do abandono? Aquele aperto no coração quando imaginamos ser deixados por nossos pais ou por alguém que amamos? Essa sensação é comum a todos os seres humanos em certos momentos da vida, mas para algumas pessoas ela se torna uma presença constante e dominante. Estamos falando do transtorno de personalidade borderline, também conhecido como limítrofe, que traz consigo uma série de desafios emocionais e psiquiátricos.
Entendendo a personalidade limítrofe
É importante considerar que o termo “borderline” significa “limítrofe”. Essa palavra descreve perfeitamente a precária fronteira entre a lucidez e a insanidade vivenciada por essas pessoas. A personalidade borderline é um grave transtorno mental que afeta cerca de 1% a 2% da população geral, sendo mais comum em mulheres, com sintomas que tendem a diminuir a partir dos 40 anos.
Um dos aspectos mais desafiadores desse quadro é a instabilidade emocional vivida pelos pacientes. Eles experimentam uma variedade de sentimentos e emoções conflitantes, como raiva, tristeza, vergonha, pânico, terror e sensações crônicas de vazio e solidão. Além disso, a mudança de humor é rápida e frequente, oscilando entre estados de agitação e calma ao longo do dia.
Principais sintomas
A personalidade limítrofe engloba manifestações típicas de diversos transtornos psiquiátricos, como esquizofrenia, depressão e transtorno bipolar. No entanto, esses pacientes não se enquadram completamente nessas classificações, pois apresentam uma combinação dos mesmos sintomas, mas menos acentuados. Isso se traduz em comportamentos compulsivos e impulsivos, que podem variar desde a dependência química até a paranoia e a compulsão alimentar e por sexo.
Dificuldades de relacionamento
Identificar uma pessoa com transtorno de personalidade borderline não é tão difícil, pois os sintomas costumam impactar todos que se relacionam com ela, principalmente os familiares. Provavelmente, ela enfrenta dificuldades significativas nos relacionamentos interpessoais.
Elas podem idealizar intensamente uma pessoa em um momento e desvalorizá-la completamente em outro, levando a relacionamentos turbulentos e voláteis. Essas mudanças extremas de perspectiva podem ser extremamente desgastantes para todos os envolvidos, criando um ciclo de conflitos e rupturas.
Comportamentos autodestrutivos
A pessoa com a personalidade limítrofe, muitas vezes, se envolve em comportamentos de automutilação, como cortes ou queimaduras, buscando uma forma de aliviar a dor emocional intensa que sente. Também pode ter tendências suicidas e fazer tentativas de tirar a própria vida.
Aliás, uma das consequências mais tristes dessa condição é o alto índice de suicídio. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 10% das pessoas com o transtorno acabam tirando suas próprias vidas. Uma estatística alarmante que nos mostra a importância de compreender e tratar adequadamente essa condição.
Tratamento
É fundamental entender que o transtorno de personalidade borderline não é uma escolha, mas sim uma condição clínica que requer tratamento e apoio adequados. Nesse sentido, uma abordagem multidisciplinar é fundamental, envolvendo o acompanhamento de profissionais como psiquiatras, psicólogos, enfermeiros e outros especialistas.
A medicação também pode ser utilizada como parte do tratamento, ajudando a controlar sintomas como depressão, ansiedade e impulsividade, mas ainda mais fundamental é que os pacientes recebam o apoio adequado de sua rede pessoal de apoio. O entendimento, a empatia e o suporte emocional são essenciais para auxiliar no processo de recuperação e no enfrentamento dos desafios diários.