Estudante de psicologia

Banalização dos diagnósticos: quando saúde mental vira rótulo

Hoje em dia, é cada vez mais comum ver alguém dizendo nas redes: “sou assim porque tenho TDAH”, “é que sou borderline mesmo”, “todo mundo tem um pouco de ansiedade hoje em dia”. De um lado, é maravilhoso que a saúde mental esteja se tornando um assunto mais aberto e presente nas conversas, mas existe um cuidado importante aqui: a banalização dos diagnósticos.

Quando termos clínicos sérios começam a ser usados de forma solta, como rótulo ou justificativa rápida pra tudo, corremos o risco de transformar transtornos em modismo , e isso acaba sendo perigoso tanto pra quem realmente precisa de ajuda quanto pra quem busca se entender.

O que é a banalização dos diagnósticos?

A banalização acontece quando conceitos como ansiedade generalizada, TDAH, borderline, depressão, entre outros, passam a ser usados de forma exagerada, sem critério, e principalmente sem avaliação profissional.

Isso acontece muito quando a pessoa lê um post, assiste um vídeo ou vê um meme sobre determinado transtorno e automaticamente se identifica, acreditando que “se encaixa” no quadro, mas a psicologia é muito mais complexa do que isso, e um diagnóstico envolve muito mais do que uma lista de sintomas.

Mas por que isso acontece tanto hoje?

Atualmente, temos um acesso gigante a conteúdos sobre saúde mental, o que é ótimo, mas nem todo conteúdo que circula nas redes tem base técnica ou é passado de forma responsável.

Além disso, existe um desejo legítimo das pessoas de entenderem o próprio sofrimento, de colocarem um nome naquilo que sentem, mas o problema é que quando esse “nome” vem sem orientação adequada, sem avaliação clínica, ele acaba trazendo mais confusão do que clareza.

Muitas vezes, ter um diagnóstico autodeclarado gera um alívio momentâneo, mas também pode levar à estagnação ou a uma falsa sensação de que não há mais nada a fazer além de “aceitar que sou assim”.

E quais os riscos dessa banalização?

O maior risco é que a banalização tira o peso e a seriedade de condições clínicas que afetam profundamente a vida das pessoas. Quando todo mundo diz que tem um transtorno sem realmente ter passado por avaliação, quem realmente precisa de cuidado corre o risco de não ser levado a sério.

Além disso, comportamentos que fazem parte da vida normal, como um dia difícil, uma semana mais agitada, um período de estresse, acabam sendo rotulados como “sintoma”, o que gera ainda mais ansiedade. Outro perigo é que muita gente deixa de buscar ajuda profissional, achando que já “sabe o que tem”, e com isso perde a chance de entender seu funcionamento de forma mais profunda e cuidadosa.

Diagnóstico não é rótulo, é um instrumento de cuidado

Um diagnóstico feito por um profissional capacitado não serve para rotular alguém, mas para ajudar a traçar um caminho de cuidado. Ele é fruto de um processo cuidadoso, que envolve avaliação clínica completa, história de vida, contexto social e emocional.

Um diagnóstico sério orienta o cuidado, abre portas para um tratamento mais eficaz e ajuda a pessoa a se entender com mais gentileza. Não é uma etiqueta para justificar tudo o que a pessoa faz, nem um status pra carregar por aí.

Informação com responsabilidade

Falar sobre saúde mental é fundamental, e é maravilhoso ver que hoje as pessoas se interessam e conversam mais sobre isso, mas a gente também precisa lembrar que informação vem com responsabilidade, pois identificação não é diagnóstico e um post na internet não substitui uma avaliação clínica.

Se você se identificou com algum conteúdo ou sente que precisa entender melhor o seu funcionamento emocional e mental, o caminho mais seguro é procurar um profissional qualificado. Psicólogos e psiquiatras são os profissionais indicados para te acolher e te ajudar nesse processo de forma ética e segura.

Sua saúde mental merece mais do que um rótulo, merece cuidado de verdade!