Quando pensamos na palavra “pais”, muitas vezes ela vem carregada de exigência, não é? Exigência de perfeição, de saber o que fazer sempre, de nunca se irritar, de dar conta de tudo… mas a verdade é que pais e mães também são humanos, e justamente por isso, também erram, e tudo bem. O que define um bom pai ou uma boa mãe não é a ausência de falhas, mas o que se faz com elas.
Entendendo que errar faz parte do processo
Na psicologia, principalmente dentro de abordagens, sabemos que nenhum adulto consegue ser 100% presente, coerente e emocionalmente disponível o tempo todo.
Isso porque somos atravessados por nossas próprias emoções, pressões, rotinas e histórias, e um momento de impaciência, uma palavra mais ríspida, uma reação exagerada… tudo isso pode acontecer – e não é isso que vai definir a relação com o seu filho, mas sim a forma como você lida com isso depois.
O psicanalista Donald Winnicott, por exemplo, traz o conceito de “mãe suficientemente boa”, ele mostra que a função materna (e podemos estender ao papel paterno também) não é sobre perfeição, mas sobre estar ali, tentando, reparando, adaptando – e entender isso é libertador.
O poder da reparação
Errar não precisa ser sinônimo de culpa eterna, pois uma das maiores ferramentas de vínculo na parentalidade é a reparação. Então se você gritou, explique depois. Se perdeu a paciência, reconheça isso com seu filho. Dizer:
“Filho, a mamãe se irritou e gritou, me desculpe por isso. Eu estava cansada e vou tentar melhorar.”
Ou:
“O papai se exaltou, mas você não merecia ser tratado assim. Vamos conversar melhor agora?”
Esse tipo de fala ensina sobre responsabilidade emocional, empatia e vulnerabilidade. Ensina que todo mundo erra, mas que é possível cuidar disso, e que o amor continua existindo mesmo nas falhas.
O que está por trás do erro?
Muitos pais e mães agem no “piloto automático”, repetindo padrões da própria infância ou respondendo à sobrecarga do dia a dia, por isso, olhar para si, para sua história e para o que ativa esses comportamentos, é fundamental. Às vezes, o erro é um reflexo de algo que você também precisava ouvir, viver ou curar.
Terapia para pais também é maravilhoso, e também é um ato de amor, afinal, cuidar de si e se entender é cuidar da relação com o filho.
Crescer junto com os filhos
Ser pai ou mãe é também uma jornada de autoconhecimento, pois os filhos nos mostram espelhos, testam nossos limites e nos convidam a crescer. Quando você acolhe suas falhas sem se punir, mas com responsabilidade e afeto, você ensina ao seu filho algo muito valioso: que ele também pode errar e ser amado mesmo assim.
No fim das contas…
Não é sobre ser perfeito, é sobre ser real. Sobre ser alguém com falhas, mas com disposição para aprender, amar e melhorar a cada dia, e isso sim, constrói um vínculo forte, seguro e verdadeiro.










