Autor: gigibalielo1

  • Como lidar com a rejeição sem destruir sua autoestima

    Como lidar com a rejeição sem destruir sua autoestima

    Rejeição dói, isso é um fato.
    E, em algum momento da vida, todo mundo vai passar por ela, seja ao não ser escolhido para uma vaga de emprego, ao levar um fora, ao se sentir excluído de um grupo ou até ao ser ignorado por alguém importante.

    É humano sentir tristeza, frustração ou até vergonha quando isso acontece. Mas o problema é quando a rejeição vira uma prova “de que não somos bons o bastante”, e começa a minar a autoestima.

    Neste post, vamos conversar sobre por que a rejeição nos impacta tanto e, principalmente, como passar por isso com mais maturidade emocional, sem deixar que ela defina quem você é.


    Por que a rejeição dói tanto?

    Nosso cérebro interpreta rejeição como uma ameaça social.
    Estudos mostram que a dor da rejeição ativa as mesmas áreas do cérebro envolvidas na dor física, ou seja, ser rejeitado literalmente machuca, só que emocionalmente.

    Isso acontece porque o ser humano é biologicamente programado para buscar pertencimento, e desde os tempos antigos, ser aceito por um grupo era questão de sobrevivência. Hoje, mesmo em contextos diferentes, o sentimento de exclusão ainda pode despertar medo, insegurança e vergonha.


    Mas rejeição é um fracasso pessoal? Não.

    Uma das armadilhas mais comuns após ser rejeitado é personalizar o que aconteceu, muitas vezes, usando frases internas como:

    • “Isso só acontece comigo”
    • “É porque eu não sou suficiente”
    • “Eu nunca sou escolhido(a)”
    • “A culpa é minha”

    Essa autocrítica pode ser muito cruel, e quase nunca reflete a realidade.

    Nem toda rejeição fala sobre o seu valor. Às vezes, fala sobre o momento, o outro, o contexto, ou uma incompatibilidade, não sobre quem você é.


    O que a psicologia diz sobre isso?

    A autoestima é construída com base na forma como nos percebemos, e não apenas com base nas respostas externas.
    Quando uma rejeição toca em feridas antigas (como medo de não ser amado, medo de abandono ou necessidade constante de aprovação), ela pode parecer maior do que realmente é.

    Por isso, situações de rejeição podem ser ótimos momentos para olhar para dentro, reconhecer padrões e desenvolver o autoconhecimento emocional.


    Como lidar com a rejeição sem destruir sua autoestima?

    Aqui vão algumas estratégias práticas, e emocionalmente honestas:

    1. Reconheça o que você sentiu (sem minimizar)

    Negar que doeu só adia o impacto. Permita-se sentir tristeza, raiva ou frustração sem se julgar por isso, pois emoções são humanas e passageiras.

    2. Evite conclusões sobre quem você é

    Não transforme um “não” em uma identidade.
    Um término não significa que você é “difícil de amar”, uma reprovação não significa que você “não serve para nada”, são só um recorte, um momento, um acontecimento isolado da vida.

    3. Cuide do seu diálogo interno

    Observe como você fala consigo mesma depois de ser rejeitada.
    Você se acolhe? Ou se ataca?
    A forma como você fala com você nesses momentos constrói (ou destrói) sua autoestima.

    4. Evite a comparação com os outros

    Você não precisa se comparar com quem “foi escolhido”. A comparação muitas vezes distorce a realidade e te coloca em um lugar injusto com você mesma.

    5. Use a rejeição como redirecionamento (não como castigo)

    Às vezes, a rejeição vem para nos empurrar para algo mais alinhado com quem somos. Pessoas, oportunidades e espaços que não te acolhem podem abrir caminho para outras que vão.

    6. Fortaleça sua autoestima no cotidiano, e não só nas crises

    Autoestima se constrói fora da dor também: nos limites que você coloca, na forma como se trata, nos momentos em que você se escolhe, e mesmo que ninguém mais escolha.


    Rejeição não é fim, é parte do caminho.

    Você pode se sentir triste com a rejeição sem precisar se anular por causa dela. É claro que dói, mas você não precisa se diminuir para caber onde não foi acolhida.

    Por isso te digo, a dor passa, a autoestima pode crescer com o tempo, e a rejeição pode até te ensinar a escolher melhor (inclusive a si mesma).

    Que você nunca esqueça: seu valor não depende da aceitação de ninguém.

  • Gaslighting: quando te fazem duvidar da sua própria realidade

    Gaslighting: quando te fazem duvidar da sua própria realidade

    Você já se pegou pensando “será que tô exagerando?”, “acho que imaginei isso”, “talvez a culpa seja minha mesmo”, mesmo tendo certeza do que sentiu ou viveu? Se sim, talvez você já tenha passado por uma situação de gaslighting, um tipo sutil (e sério) de manipulação emocional.

    Neste post, vamos entender o que é gaslighting segundo a psicologia, como ele acontece, exemplos comuns e como identificar quando algo não está saudável.


    O que é Gaslighting?

    Gaslighting é uma forma de abuso psicológico em que a pessoa tenta desacreditar ou distorcer a percepção da realidade do outro, fazendo com que ele duvide de sua memória, sanidade ou sentimentos.

    É como se, aos poucos, a pessoa passasse a desconfiar de si mesma, perdendo a segurança no que pensa, sente ou percebe. O termo vem do filme Gaslight (1944), onde o marido manipulava propositalmente a esposa para fazê-la parecer louca.


    O que a psicologia diz sobre isso?

    Embora “gaslighting” seja um termo mais recente no uso popular, a psicologia já estuda há tempos as dinâmicas de manipulação, controle emocional e abuso psicológico em relacionamentos afetivos, familiares ou profissionais.

    Na psicologia clínica, o gaslighting pode estar presente em:

    • Relacionamentos abusivos (afetivos, parentais, hierárquicos)
    • Situações de dependência emocional
    • Relações em que o outro assume um papel dominante e controlador

    Ele mina a autoestima, enfraquece o senso de identidade e pode levar a sintomas como:

    • Ansiedade constante
    • Dificuldade de tomar decisões
    • Sensação de confusão mental
    • Sentimentos de culpa frequentes
    • Isolamento social

    Frases típicas de Gaslighting

    É importante lembrar que o contexto importa, uma frase isolada nem sempre indica abuso, mas a repetição e a intenção por trás dela fazem a diferença.
    Alguns exemplos comuns:

    • “Você tá exagerando, como sempre.”
    • “Isso nunca aconteceu, você que inventou.”
    • “Você tá muito sensível, não foi nada demais.”
    • “Tá louca? Eu nunca disse isso.”
    • “Você distorce tudo o que eu falo.”
    • “O problema é que você não sabe lidar com críticas.”
    • “Você tá imaginando coisas, tá paranoica.”

    Com o tempo, a vítima passa a acreditar nessas frases, e internaliza a dúvida como verdade.


    Exemplo prático (ilustrativo)

    Imagine uma situação em que uma mulher questiona o parceiro por ter visto mensagens dele com outra pessoa. Em vez de conversar, ele responde:

    “Você tá vendo coisa. Isso é insegurança sua. Você tá ficando neurótica.”

    A dúvida começa a surgir nela: “Será que eu tô sendo exagerada mesmo? Será que eu tô paranoica?”

    O objetivo de quem faz gaslighting não é apenas se defender, mas criar uma realidade paralela onde a vítima parece sempre errada ou emocional demais.


    E por que é tão perigoso?

    Porque o gaslighting não deixa marcas visíveis. Ele é sutil, contínuo e, muitas vezes, romantizado como “ciúme”, “sinceridade” ou “brincadeira”.

    Mas a verdade é que quem sofre esse tipo de manipulação passa a se anular, viver em dúvida constante e depender do outro para interpretar a própria realidade. É como viver com os pés fora do chão.


    E como sair disso?

    Primeiro: reconhecendo. Não é fácil, porque o gaslighting mexe com nossa percepção, mas alguns passos importantes são:

    • Validar seus sentimentos: se algo te machucou, é real, mesmo que o outro diga que não.
    • Observar padrões: isso acontece com frequência? Você sempre sai das conversas se sentindo culpada?
    • Buscar apoio externo: conversar com amigos, familiares ou um profissional pode ajudar a enxergar a situação com mais clareza.
    • Fortalecer sua autonomia emocional: o processo terapêutico pode ajudar a reconstruir sua confiança interna.

    Então se lembre que…

    Gaslighting não é exagero da vítima.
    Gaslighting não é “drama”.
    Gaslighting é um processo de manipulação emocional sério, e precisa ser nomeado.

    Se você se identificou com esse texto, saiba que você não está sozinha. E se você conhece alguém que vive algo assim, acolha, escute e oriente a buscar apoio psicológico, pois falar sobre isso é dar nome ao que nos fere, e começar a curar.

  • O que NÃO dizer em uma briga de casal

    O que NÃO dizer em uma briga de casal

    Vamos começar com o básico, brigar é normal… E todo relacionamento, por mais saudável que seja, vai existir conflito. O problema não é a briga em si, mas sim, como ela é conduzida.

    No calor do momento, a gente acaba dizendo coisas que machucam, mesmo sem querer. E tem certas frases que, se repetidas, podem prejudicar a confiança, o respeito e até o amor ao longo do tempo.

    Neste post, vou compartilhar com você frases que é melhor evitar durante uma discussão e por quê. Tudo com base em princípios da Psicologia da Comunicação, empatia e inteligência emocional.


    “Você sempre faz isso!” ou “Você nunca muda!”

    Essas frases generalizam o comportamento do outro, colocando ele numa “caixinha”, isso bloqueia o diálogo e faz com que a pessoa se sinta atacada, o que leva à defensiva.

    Na Psicologia da Comunicação, esse tipo de fala é chamada de “comunicação julgadora”, que impede o outro de se abrir.

    Tente substituir por:
    “Quando isso acontece, eu me sinto desvalorizada(o). Podemos pensar juntos em como lidar com isso de outro jeito?”


    “Você é igualzinho(a) a…” (comparações)

    Comparar seu parceiro com outra pessoa (seja ela ex, pai, mãe, amigo) é desrespeitoso e tira o foco do que realmente importa: o que vocês estão vivendo agora. Comparações atacam a identidade da pessoa e criam insegurança no vínculo.

    Sendo assim, prefira dizer:
    “Isso me fez lembrar de algo que me incomoda. Podemos conversar sobre isso sem trazer outras pessoas?”


    “Quer saber? Não dá mais…”

    Ameaçar terminar a relação no meio de uma briga, principalmente se for da boca pra fora, desgasta a segurança emocional do outro… Pode gerar medo, ansiedade e desconfiança. Isso é um tipo de manipulação emocional, mesmo que não seja intencional.

    Substitua por:
    “Eu tô muito frustrada agora, e talvez a gente precise de um tempo pra acalmar e conversar com mais clareza.”


    “Você está exagerando” ou “Isso é bobagem”

    Invalidar o sentimento do outro é uma das formas mais silenciosas de afastar emocionalmente, mesmo que você não sinta igual, é importante reconhecer a dor do outro.

    A Psicologia Humanista, com Carl Rogers, nos ensina sobre empatia genuína e o poder de validar o sentimento alheio.

    Diga algo como:
    “Eu não vejo da mesma forma, mas quero entender o que você está sentindo.”


    “Você que começou!”

    Essa frase infantiliza o diálogo e tira a responsabilidade da sua parte no conflito. Em uma briga, raramente tem um único culpado, e ficar buscando “quem começou” só atrasa a resolução.

    Segundo a Comunicação Não Violenta (CNV), é importante sair do lugar de “quem está certo” e ir para o lugar de “o que está acontecendo entre nós”.

    Experimente dizer:
    “Não quero transformar isso numa competição. Vamos tentar entender o que os dois estão sentindo?”

    Pensando em tudo isso…

    Palavras têm poder sim, e nas brigas, esse poder pode curar ou ferir. Evitar essas frases não significa “engolir sapo” ou deixar de expressar sua dor, mas sim buscar formas mais conscientes de comunicar, pois ideia não é se tornar perfeita, mas estar mais atenta e comprometida com um diálogo que constrói, não que destrói.

  • Como Estudar Melhor: 7 Estratégias Baseadas na Psicologia

    Como Estudar Melhor: 7 Estratégias Baseadas na Psicologia

    Se você sente que estuda muito, mas rende pouco… ou se esquece do conteúdo logo depois da prova, calma: você não está sozinha. Muita gente enfrenta dificuldades nos estudos porque nunca aprendeu como estudar de forma eficiente.

    Como estudante de Psicologia, venho aprendendo que entender como o cérebro aprende faz toda a diferença. A boa notícia é que existem estratégias comprovadas por pesquisas em Psicologia Cognitiva, Neurociência e Psicologia da Aprendizagem que podem te ajudar a aprender melhor, e com menos sofrimento.

    Separamos 7 delas pra você aplicar ainda hoje!


    1. Tenha metas claras e realistas

    Estudar sem direção é como correr em círculos. Antes de tudo, defina o que você precisa aprender, quanto tempo tem e qual é o seu objetivo com esse conteúdo.

    Dica prática: Use a técnica SMART para definir metas (específicas, mensuráveis, atingíveis, relevantes e com prazo)- Exemplo: “Ler 2 capítulos do conteúdo até sexta-feira”.


    2.Estude em blocos de tempo (Técnica Pomodoro)

    Nosso cérebro perde foco depois de longos períodos sem pausas. A técnica Pomodoro propõe estudar por 25 minutos com foco total e descansar 5 minutos. A cada 4 blocos, uma pausa maior.

    Essa técnica é baseada no funcionamento do sistema atencional e ajuda a evitar a fadiga mental.

    Dica: Use aplicativos de foco como “Forest”, “Focus To-Do”, ou aplicativos próprios de Pomodoro, ou um simples cronômetro.


    3.Escreva à mão o que aprende

    Estudos mostram que escrever à mão ativa mais áreas do cérebro relacionadas à memória do que digitar. O ato de escrever ajuda a organizar o pensamento e fixar melhor o conteúdo.

    Dica prática: Faça resumos com suas palavras, mapas mentais ou esquemas visuais, o importante é transformar a leitura em algo ativo.


    4.Use a prática da repetição espaçada (Spaced Repetition)

    Essa técnica envolve revisar o conteúdo em intervalos crescentes (ex: 1 dia, 3 dias, 1 semana, 15 dias…). Isso estimula a memória de longo prazo, em vez de depender apenas da memória de curto prazo.

    Essa estratégia vem da Psicologia Cognitiva e é muito usada em aplicativos como o Anki e o Quizlet.


    5.Ensine alguém ou explique em voz alta

    O método Feynman, muito usado por estudantes, propõe que você explique o conteúdo como se estivesse ensinando uma criança. Quando você consegue explicar algo com clareza, é sinal de que realmente entendeu.

    Dica prática: Grave áudios explicando a matéria ou conte para um amigo, isso ajuda a identificar o que ainda precisa ser reforçado.


    6.Cuide do seu sono e da sua saúde mental

    Dormir bem é essencial para consolidar a memória. O sono, além de restaurador, também é um momento em que o cérebro organiza o que foi aprendido. Ansiedade e estresse crônicos também prejudicam a aprendizagem.

    A Psicologia da Aprendizagem mostra que emoções influenciam diretamente no processo de memorização e raciocínio.

    Dica: Tente manter uma rotina de sono estável e adote práticas de autocuidado emocional.


    7.Crie um ambiente livre de distrações

    O cérebro não é multitarefa. Cada vez que você para para checar o celular, o seu foco é quebrado e pode demorar até 20 minutos para se recuperar totalmente.

    Dica prática: Coloque o celular em modo avião, use bloqueadores de apps ou estude em ambientes mais silenciosos.


    Para encerrar…

    Estudar melhor não é estudar mais, e sim estudar com mais consciência. Essas estratégias ajudam a potencializar seu aprendizado, reduzir o cansaço e trazer mais leveza para a rotina de estudos.

    Você não precisa aplicar tudo de uma vez, escolha uma ou duas estratégias para começar e vá adaptando à sua realidade, porque o mais importante é se conhecer e perceber o que funciona para você e para o seu aprendizado.

  • Síndrome do Pânico: o que é, como se manifesta e o que a psicologia diz

    Síndrome do Pânico: o que é, como se manifesta e o que a psicologia diz

    Você já ouviu alguém dizer: “acho que tive um ataque de pânico”?
    Embora a expressão tenha se popularizado, a Síndrome do Pânico (ou Transtorno de Pânico) é uma condição psicológica real, séria e que merece atenção profissional.

    Neste post, vamos entender o que caracteriza essa síndrome de acordo com a psicologia e o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), como ela se manifesta, e quais são os caminhos possíveis para o tratamento.


    O que é a Síndrome do Pânico?

    A Síndrome do Pânico é o nome popular para o Transtorno de Pânico, um transtorno de ansiedade caracterizado por crises súbitas e recorrentes de medo ou mal-estar intensos, conhecidas como ataques de pânico.

    Esses episódios surgem de forma inesperada, sem uma causa externa clara, e geram sintomas físicos e emocionais tão intensos que muitas pessoas acreditam estar tendo um ataque cardíaco, um desmaio ou até morrendo.


    Como o DSM-5 define o Transtorno de Pânico?

    De acordo com o DSM-5 (APA, 2013), o Transtorno de Pânico é diagnosticado quando o indivíduo apresenta:

    • Ataques de pânico recorrentes e inesperados, acompanhados de pelo menos quatro dos seguintes sintomas:
    • Palpitações ou aceleração cardíaca
    • Sudorese
    • Tremores ou abalos
    • Sensações de falta de ar ou sufocamento
    • Dor ou desconforto torácico
    • Náusea ou desconforto abdominal
    • Tontura, instabilidade ou sensação de desmaio
    • Calafrios ou ondas de calor
    • Formigamento
    • Sensação de irrealidade (desrealização) ou de estar desligado de si mesmo (despersonalização)
    • Medo de perder o controle, “enlouquecer” ou morrer

    Além disso, após um ou mais ataques, é necessário que a pessoa apresente preocupação persistente com novas crises e/ou mudanças comportamentais significativas para evitá-las (ex: evitar sair de casa, lugares com muita gente, andar sozinho etc.).


    Como a Síndrome do Pânico se manifesta no dia a dia?

    O primeiro ataque costuma ser inesperado e traumático. Depois disso, muitas pessoas passam a:

    • Evitar locais onde tiveram uma crise
    • Sentir medo constante de “passar mal”
    • Desenvolver comportamentos de evitação (ex: parar de dirigir, sair sozinhas, usar transporte público)
    • Sentir-se inseguras longe de casa ou de alguém “de confiança”
    • Sofrer com a ansiedade antecipatória: o medo de ter medo

    Essas mudanças podem levar à restrição da vida social e funcional da pessoa, impactando profundamente sua qualidade de vida.


    O que causa o Transtorno de Pânico?

    Não existe uma única causa, mas sim uma combinação de fatores, como:

    • Predisposição genética (histórico familiar de transtornos ansiosos)
    • Estresse intenso ou traumático
    • Disfunções na regulação do sistema nervoso autônomo
    • Padrões de pensamento distorcidos e interpretação catastrófica de sensações corporais
    • Fatores de personalidade e história de vida

    Tratamento: qual o papel da psicologia?

    A psicoterapia é essencial no tratamento da Síndrome do Pânico, e entre as abordagens, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma das que pode ajudar nisso.

    Na TCC, trabalha-se:

    • A identificação e reestruturação de pensamentos catastróficos
    • Técnicas de exposição gradual a situações evitadas
    • Estratégias de enfrentamento e relaxamento
    • Reinterpretação de sensações corporais (ex: taquicardia ≠ morte)

    Em alguns casos, a psicoterapia pode ser associada ao uso de medicação ansiolítica ou antidepressiva, sempre com acompanhamento de um médico psiquiatra. O psicólogo não prescreve medicamentos, mas pode orientar a busca por esse acompanhamento, quando necessário.


    A importância do acolhimento e da psicoeducação

    Muitas pessoas com Transtorno de Pânico demoram a buscar ajuda por vergonha, medo de julgamento ou por acreditarem que “é frescura”. Informar, acolher e desmistificar o transtorno é uma forma de romper esse ciclo.

    Se você ou alguém próximo enfrenta episódios como esses, saiba: não é exagero, não é fraqueza e não precisa ser enfrentado sozinho. Existe tratamento, e a recuperação é totalmente possível.


    Conclusão: pânico tem nome, causa e tratamento

    A Síndrome do Pânico é um transtorno real e diagnosticável, que precisa ser compreendido com seriedade. A boa notícia é que, com o tratamento adequado, é possível retomar o controle da vida e recuperar o bem-estar emocional.

    Buscar ajuda é o primeiro passo.
    Falar sobre saúde mental é uma forma de cuidar — de si e de quem está à sua volta.

  • 5 Hábitos Saudáveis para Manter um Relacionamento Duradouro

    5 Hábitos Saudáveis para Manter um Relacionamento Duradouro

    Relacionamentos duradouros não são obras do acaso. Eles são construídos dia após dia, através de pequenos gestos, escolhas conscientes e, principalmente, de hábitos saudáveis que fortalecem o vínculo entre o casal. Como estudante de Psicologia, percebo que muitos conflitos nos relacionamentos vêm de padrões disfuncionais que poderiam ser evitados com mais consciência emocional e cuidado mútuo.

    Neste post, quero compartilhar com você 5 hábitos fundamentais para manter um relacionamento saudável, duradouro e cheio de afeto. Vamos lá?


    Comunicação aberta e não violenta

    A base de qualquer relacionamento saudável é o diálogo, mas isso vai muito além de apenas “falar o que pensa”. É preciso desenvolver a escuta ativa, empatia e expressar sentimentos sem agredir.

    A Psicologia da Comunicação nos mostra que a Comunicação Não Violenta (CNV), proposta por Marshall Rosenberg, é uma ferramenta poderosa para resolver conflitos sem culpa ou ataques. Ela se baseia em 4 pilares: observação, sentimento, necessidade e pedido.

    Dica prática: Em vez de dizer “Você nunca me escuta”, tente: “Quando estou falando e você mexe no celular, eu me sinto ignorada. Eu preciso de mais presença nesses momentos. Podemos tentar conversar com mais atenção um ao outro?”


    Cultivar a individualidade

    Parece contraditório, mas manter a individualidade é um dos segredos de um relacionamento forte. Relações em que um “se funde” ao outro podem gerar dependência emocional, desgaste e até perda da identidade.

    Teorias da Psicologia do Desenvolvimento e do Apego (como Bowlby e Winnicott) reforçam que a autonomia emocional é essencial para relações seguras. Amar o outro sem deixar de ser quem você é é maturidade emocional.

    Dica prática: Mantenha seus hobbies, amizades e momentos a sós. Incentive o(a) parceiro(a) a fazer o mesmo. Isso fortalece o respeito mútuo e a admiração.


    Demonstrar afeto diariamente (não só em datas especiais)

    Os pequenos gestos do dia a dia valem mais do que grandes declarações esporádicas. A Psicologia Positiva, reforça que a gratidão e os atos de gentileza aumentam os níveis de bem-estar no relacionamento.

    Dica prática: Um elogio sincero, um toque carinhoso, preparar o café do outro, um bilhetinho surpresa. Isso cria uma conexão emocional constante e protege o casal nos momentos difíceis.


    Resolver conflitos com maturidade emocional

    Conflitos são normais e até necessários para o crescimento do casal, mas o modo como eles são conduzidos faz toda a diferença. O ideal não é evitar brigas, mas aprender a lidar com elas sem ferir o vínculo.

    Segundo a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), nossos pensamentos influenciam nossas emoções e comportamentos. Em momentos de conflito, é essencial identificar pensamentos automáticos distorcidos (como “ele sempre me desrespeita”) e substituí-los por percepções mais realistas.

    Dica prática: Faça pausas durante discussões intensas. Respire, peça tempo e retome quando ambos estiverem mais calmos. Evite palavras como “sempre” e “nunca”, que generalizam e dificultam a reconciliação.


    Criar projetos e significados juntos

    Compartilhar planos futuros, sonhos e valores dá sentido à relação. O vínculo se fortalece quando ambos enxergam um “nós” com objetivos comuns.

    A Psicologia Sistêmica destaca a importância de rituais, metas e histórias compartilhadas para consolidar a identidade do casal. Isso inclui desde planejar uma viagem até pensar em comprar uma casa ou criar tradições próprias.

    Dica prática: Reserve momentos para conversar sobre o futuro. Pergunte: “O que você espera da nossa relação nos próximos anos?” ou “O que podemos construir juntos a partir de agora?”


    Conclusão

    Relacionamentos duradouros não dependem da sorte, mas de escolhas conscientes, empatia e cuidado diário. Nenhuma relação é perfeita, mas quando há abertura para crescer juntos, o amor se torna mais forte com o tempo.

    Lembre-se: não existe fórmula mágica, mas existem caminhos saudáveis, e a Psicologia pode ser uma grande aliada nessa jornada.

    Se você gostou desse conteúdo, compartilhe com alguém que também quer construir um amor mais leve e consciente!

  • Como o excesso de telas afeta o cérebro e as emoções das crianças?

    Como o excesso de telas afeta o cérebro e as emoções das crianças?

    Você já se perguntou o que acontece no cérebro de uma criança quando ela passa horas na frente do celular, da TV ou do tablet?

    Em um mundo onde as telas fazem parte da rotina desde muito cedo, entender os impactos reais dessa exposição é essencial para proteger o desenvolvimento infantil.

    Este post é um convite para refletir, sem culpa, mas com responsabilidade, sobre os efeitos do uso excessivo de telas no funcionamento cerebral, no comportamento e nas emoções das crianças, e também sobre o que os pais e responsáveis podem fazer para mudar isso com acolhimento e consciência.


    O que acontece no cérebro da criança com excesso de telas?

    O cérebro infantil, principalmente nos primeiros anos, está em formação intensa. Nessa fase, as conexões neurais se desenvolvem por meio de estímulos concretos: toque, movimento, escuta, olhar, fala, afeto, brincadeiras e interação com o mundo real.

    As telas, por outro lado, oferecem um estímulo rápido, constante e artificial, que pode causar:

    Sobrecarga sensorial: Cores vibrantes, sons intensos, transições rápidas de cena e estímulos visuais constantes podem deixar o cérebro da criança em estado de alerta — o que gera agitação, irritabilidade e dificuldade de concentração.

    Déficits na atenção e autorregulação: Estudos mostram que crianças expostas por muitas horas a telas têm mais dificuldade de manter o foco em tarefas simples, além de apresentarem menos tolerância à frustração e à espera. Isso acontece porque o cérebro se acostuma com gratificação imediata, tudo acontece com um clique.

    Alterações na plasticidade cerebral: A plasticidade é a capacidade do cérebro de se adaptar e aprender. Quando as experiências da criança são dominadas por estímulos digitais, o cérebro desenvolve conexões mais fortes com esse tipo de estímulo, e menos com habilidades essenciais como imaginação, linguagem, empatia e resolução de conflitos.

    Prejuízos no sono e na regulação do humor: A luz azul das telas interfere na produção de melatonina, o hormônio do sono. Isso afeta o descanso, o que, por sua vez, prejudica o humor, a memória, a atenção e o controle emocional da criança.


    E o impacto nas emoções?

    As emoções também sofrem com o uso excessivo de telas. Isso acontece porque:

    • A criança deixa de experimentar o tédio, a espera e a frustração, pois sempre tem algo pronto para entretê-la.
    • Fica menos sensível às emoções dos outros, o que reduz o desenvolvimento da empatia.
    • Não aprende a nomear e lidar com os próprios sentimentos, o que afeta a inteligência emocional.
    • Pode usar a tela como fuga, criando um padrão de regulação emocional disfuncional (ex: “estou triste → ligo o tablet”).

    O que dizem os especialistas?

    As recomendações da OMS e da Sociedade Brasileira de Pediatria são claras:

    • Até os 2 anos: nenhuma exposição a telas
    • De 2 a 5 anos: no máximo 1 hora por dia, sempre com supervisão ativa
    • A partir dos 6 anos: uso com equilíbrio, limites claros e orientação dos adultos

    Essas orientações não são apenas sobre tempo, mas sobre qualidade das experiências infantis.


    Como reduzir o uso de telas sem traumas?

    Se você já percebeu que o tempo de tela está exagerado na rotina da sua criança, o mais importante é não se culpar, e sim começar uma mudança gradual e consciente.

    Aqui vão algumas sugestões:

    1. Reduza aos poucos – diminua 15 a 30 minutos
    2. Ofereça alternativas reais – massinha, tinta, blocos, leitura, música, jardinagem
    3. Crie momentos sem tela na rotina – hora do jantar, hora do sono, hora do brincar
    4. Esteja presente – muitas vezes o que a criança mais quer é companhia e atenção
    5. Explique o porquê da mudança – mesmo pequenas, elas entendem mais do que pensamos
    6. Dê o exemplo – seu uso de tela também ensina

    Infância não precisa de tela. Precisa de vínculo, corpo, tempo e imaginação.

    O excesso de telas não é apenas um “mau hábito”, mas um fator que pode reprogramar o cérebro em formação, afetando o desenvolvimento emocional e cognitivo das crianças. Mas sempre é tempo de ajustar o rumo, com firmeza e afeto.

    Reduzir as telas é uma forma de devolver à criança o que é dela por direito: o brincar, o sentir, o imaginar, o criar, e o se desenvolver com saúde.

  • Psicólogo ou psiquiatra: qual profissional devo procurar?

    Psicólogo ou psiquiatra: qual profissional devo procurar?

    Você sente que algo não está bem, pensa em buscar ajuda, mas trava logo no primeiro passo… Afinal, é psicólogo ou psiquiatra que eu procuro?

    Essa dúvida é super comum,e totalmente válida! Muita gente ainda confunde as funções ou tem receio de procurar o profissional “errado”.

    A verdade é que os dois são fundamentais, cada um com seu papel, e entender isso pode te ajudar a dar o primeiro passo com mais tranquilidade.

    O que faz um psicólogo?

    O psicólogo é um profissional graduado em Psicologia e atua no acompanhamento emocional e psicológico das pessoas. Ele é habilitado a realizar escutas terapêuticas, avaliações psicológicas, intervenções e psicoterapia.

    Durante as sessões, o psicólogo te ajuda a:
    • Compreender seus sentimentos e comportamentos
    • Trabalhar suas questões emocionais
    • Buscar novas formas de lidar com conflitos internos ou externos
    • Desenvolver estratégias para sua saúde mental e bem-estar

    Importante: Psicólogos não prescrevem medicação, pois não têm formação médica.

    E o que faz o psiquiatra?

    O psiquiatra é um médico, ou seja, alguém que se formou em Medicina e depois se especializou em Psiquiatria. Ele está apto a fazer diagnósticos clínicos, prescrever medicamentos e acompanhar transtornos mentais sob o ponto de vista médico.

    O acompanhamento psiquiátrico costuma ser indicado quando há:
    • Sintomas mais intensos ou persistentes, como crises de pânico, depressão profunda, insônia severa, alterações de humor, etc.
    • Necessidade de investigação diagnóstica com base médica
    • Indicação de uso de medicamentos, como antidepressivos, ansiolíticos, estabilizadores de humor

    Psicólogo e psiquiatra trabalham juntos?

    Sim! Inclusive, em muitos casos, o ideal é que trabalhem de forma complementar. Enquanto o psiquiatra acompanha o quadro clínico e medicamentoso, o psicólogo oferece suporte emocional e ajuda a ressignificar experiências.

    Por exemplo: uma pessoa com depressão pode fazer psicoterapia para lidar com questões profundas e, ao mesmo tempo, ser acompanhada por um psiquiatra, caso precise de suporte medicamentoso para estabilizar sintomas.

    “Mas como eu sei com quem devo marcar primeiro?”

    Aqui vai uma dica prática:

    • Se você sente que está passando por dificuldades emocionais, se sente sobrecarregado(a), com crises de ansiedade, baixa autoestima, tristeza frequente, questões de relacionamento, conflitos internos — comece com um psicólogo.
    • Se os sintomas estão intensos a ponto de te impedir de funcionar no dia a dia, como insônia grave, ideias suicidas, crises muito intensas, ou alguém já sinalizou a necessidade de medicamentos — é importante procurar também um psiquiatra.

    E não precisa se preocupar em acertar “de primeira”: um bom profissional, seja psicólogo ou psiquiatra, pode te ajudar a entender se há necessidade de um acompanhamento conjunto.

    No fim das contas, buscar ajuda já é um passo enorme

    Mais importante do que saber exatamente com quem começar, é reconhecer que você precisa de apoio e se permitir recebê-lo.

    Se você sente que algo dentro de você está pedindo atenção, ou que não consegue dar conta de tudo sozinho(a), escuta esse chamado.

    Você não precisa esperar “piorar” pra se cuidar.

  • Por que romantizamos relações que nos machucam?

    Por que romantizamos relações que nos machucam?

    Você já se pegou justificando o comportamento de alguém, mesmo sabendo que aquilo te faz mal? Ou insistindo em uma relação que te esgota mais do que acolhe?
    Se sim, calma: isso é mais comum do que parece (e tem explicações na psicologia).

    Neste post, vamos falar sobre o que leva tanta gente a romantizar relações ruins, os motivos por trás disso e como identificar quando o amor deixa de ser saudável.
    E mais: o que fazer quando a gente se dá conta disso…


    Romantizar = fantasiar

    Romantizar uma relação significa ignorar os sinais de alerta e tentar encaixar o outro em uma imagem idealizada, muitas vezes baseada no que a gente quer que ele seja, e não no que ele realmente é.

    E isso pode acontecer com qualquer tipo de relação: amorosa, familiar, amizades, até mesmo vínculos de trabalho.


    Por que fazemos isso?

    Algumas explicações que a psicologia oferece:

    • Histórico de vínculos frágeis:
      Pessoas que cresceram com vínculos instáveis, negligência emocional ou carência afetiva podem aprender a associar amor com dor ou esforço constante.
    • Padrões repetitivos:
      Às vezes, sem perceber, a gente reproduz padrões aprendidos. Por exemplo: se na infância amor significava “merecer”, “obedecer” ou “se sacrificar”, isso pode se repetir na vida adulta.
    • Baixa autoestima:
      Quando achamos que “não vamos encontrar nada melhor”, nos apegamos até ao pouco que recebemos, a famosa “migalha”, e aceitamos isso porque acreditamos não merecer mais.
    • Idealização:
      Criar uma imagem fantasiosa da outra pessoa, ignorando suas atitudes reais, nos mantém presos à possibilidade do que poderia ser, e não à realidade.

    Um exemplo que você talvez já tenha visto…

    Pensa na série You (Netflix).
    A personagem Beck, mesmo desconfiando que Joe tinha comportamentos estranhos, mantinha o vínculo. Por quê?
    Porque ele parecia atencioso, romântico, protetor, tudo o que ela queria. A imagem que ela construiu sobre ele gritava mais alto do que os próprios sinais de perigo.

    Claro que é um exemplo extremo e ficcional, mas mostra como a idealização pode cegar até mesmo diante do risco.


    Como identificar que você está romantizando algo que machuca?

    • Você se sente mal, mas continua justificando tudo
    • Existe mais esforço do que leveza
    • Você tem medo de se afastar, mesmo sentindo que está se perdendo
    • Se sente culpado(a) por cobrar respeito ou cuidado
    • Percebe que está tentando mudar para caber na relação

    E o que fazer com isso?

    Primeiro passo é olhar com honestidade: essa relação te acolhe ou te exige versões que você não é?

    Depois, buscar ajuda pode fazer toda diferença, e a psicoterapia ajuda a identificar padrões, resgatar autoestima e reconstruir vínculos mais saudáveis (inclusive com você mesma(o)).


    Um lembrete pra encerrar

    Você não precisa aceitar menos do que merece para ter alguém por perto, pois uma relação boa não machuca, não diminui, não exige que você se anule. Mas uma relação boa te nutre, acolhe, respeita e cresce junto.

    E não, não é romantizar demais querer isso, é só amar de forma mais consciente e entender que isso é o básico e o mínimo de uma relação saudável.

  • Depressão: quando é hora de procurar ajuda?

    Depressão: quando é hora de procurar ajuda?

    Todo mundo se sente triste de vez em quando, e ás vezes sem motivo aparente, outras por situações difíceis.
    Mas… como saber quando essa tristeza passou do limite? Como diferenciar um momento ruim de algo mais sério?

    A depressão é uma condição real, que afeta o corpo, a mente e a forma como nos relacionamos com o mundo. Ainda hoje, é comum ouvirmos frases como “é só pensar positivo”, “é falta de força de vontade” ou “todo mundo tem seus dias ruins” , mas depressão vai muito além disso.

    Neste post, vamos te ajudar a entender melhor o que é depressão, quais são seus sintomas, como diferenciá-la da tristeza comum, e o que fazer caso você ou alguém próximo precise de ajuda.


    O que é depressão?

    A depressão, segundo o DSM-5, é um transtorno de humor caracterizado por sintomas emocionais, físicos e cognitivos persistentes por pelo menos duas semanas, com prejuízo significativo na vida da pessoa.

    E ela não é só um “estado de espírito ruim”, é uma condição biopsicossocial, ou seja, envolve aspectos biológicos, psicológicos e sociais.

    O que acontece no corpo?

    No cérebro de uma pessoa com depressão, há um desequilíbrio em neurotransmissores como serotonina, dopamina e noradrenalina, que são substâncias responsáveis por regular humor, sono, apetite, energia e motivação.

    Além disso, estudos mostram que regiões do cérebro ligadas à regulação emocional — como o hipocampo, a amígdala e o córtex pré-frontal — podem apresentar alterações em seu funcionamento e volume em pessoas com depressão grave.

    Ou seja: não é “frescura” nem imaginação. Há uma base física real para o que a pessoa sente.


    Sintomas comuns de depressão

    De acordo com o DSM-5, para que um episódio depressivo maior seja diagnosticado, a pessoa deve apresentar pelo menos cinco dos seguintes sintomas durante um período mínimo de duas semanas, e pelo menos um dos sintomas precisa ser obrigatoriamente humor deprimido ou perda de interesse/prazer em atividades. Esses sintomas devem representar uma mudança em relação ao funcionamento anterior e causar prejuízo significativo na vida da pessoa.

    Alguns sintomas são:

    1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias
    2. Diminuição acentuada do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades
    3. Perda ou ganho significativo de peso, ou alteração no apetite
    4. Insônia ou hipersonia quase todos os dias
    5. Agitação ou retardo psicomotor observável por outras pessoas
    6. Fadiga ou perda de energia
    7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva
    8. Diminuição da capacidade de pensar, concentrar-se ou tomar decisões
    9. Pensamentos recorrentes de morte, ideação suicida, planejamento ou tentativa

    Importante: os sintomas não podem ser causados por uso de substâncias ou por outra condição médica e não se limitam a uma reação proporcional a um evento de luto.

    Nem toda tristeza é depressão, e nem toda depressão é visível.


    Tristeza ou depressão?

    Uma das dúvidas mais comuns é: “Mas será que o que eu sinto é depressão ou só uma fase difícil?”

    A tristeza é:

    • Uma emoção natural, geralmente associada a eventos específicos (ex: término, perda, frustração)
    • Passageira, mesmo que intensa
    • Uma resposta proporcional ao contexto
    • Algo que não costuma causar perda significativa de funcionamento

    Exemplo: você tirou uma nota ruim na prova que se esforçou. Isso te deixa pra baixo, desanimado por uns dias. Talvez você chore, fique introspectivo, mas aos poucos vai retomando o ânimo e voltando ao que gosta.

    Já a depressão pode ser:

    • Persistente, sem necessariamente um motivo claro
    • Tira o brilho até das coisas boas
    • Pode causar isolamento, desesperança, e sintomas físicos
    • Afeta seu sono, apetite, concentração e autoestima
    • Prejudica a vida pessoal, social e profissional

    Exemplo: você até tirou uma nota boa na prova, mas não sentiu nada. O final de semana chegou e você não quis sair da cama. Alguém te chama pra fazer algo legal e você recusa, não por preguiça, mas porque parece que nada faz mais sentido (e isso se repete há semanas).


    Quando é hora de buscar ajuda?

    • Quando os sintomas duram mais de duas semanas
    • Quando você sente que não é mais você mesmo
    • Quando tarefas simples viram um esforço enorme
    • Quando há pensamentos constantes de desistência, inutilidade ou morte
    • Quando o sofrimento emocional passa a afetar sua vida pessoal, profissional ou social

    Se você chegou até aqui e se identificou, por favor, considere procurar ajuda.


    Canais de ajuda imediata (urgência/emergência)

    Se você ou alguém próximo está em sofrimento intenso ou em risco de vida, aqui estão alguns caminhos de ajuda:

    CVV – Centro de Valorização da Vida

    • Atendimento 24h, gratuito e sigiloso
    • Ligue 188 ou acesse www.cvv.org.br

    Unidade de Pronto Atendimento (UPA) ou hospital mais próximo

    • Em casos de urgência, busque um serviço de pronto atendimento
    • Em cidades maiores, há prontos-socorros psiquiátricos, que atendem crises

    Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)

    • Atendimento gratuito pelo SUS para casos moderados e graves
    • Informe-se na Secretaria de Saúde da sua cidade sobre o CAPS mais próximo

    Autodiagnóstico não é solução

    Por mais que seja comum se identificar com sintomas lendo conteúdos na internet, somente um profissional da saúde mental pode avaliar e diagnosticar corretamente.

    Se você desconfia que está com depressão, o caminho é procurar um psiquiatra (para avaliação clínica e medicamentosa) e/ou um psicólogo (para iniciar o acompanhamento psicoterapêutico).

    Não se automedique, não se compare com os outros, não silencie o que está sentindo.


    Você não está sozinho(a)

    Depressão tem tratamento, tem acompanhamento, e tem saída.
    Mas ela precisa ser levada a sério, com respeito, acolhimento e o cuidado que merece.

    Se você sente que está vivendo no modo automático, com um peso no peito que não passa, com pensamentos que doem e não cessam… isso é real, e você merece ajuda!

    Fazer terapia, buscar um psiquiatra e falar sobre isso, é um ato de coragem, cuidado e é o início da sua recuperação. Você não precisa estar no fundo do poço para pedir ajuda, pode começar agora, no seu tempo, no seu ritmo.