Estudante de psicologia

O que é regulação emocional e como você pode desenvolver?

Se você curtiu o post sobre inteligência emocional, esse aqui é um aprofundamento em uma das habilidades mais importantes dentro dela: a regulação emocional.

Afinal, de que adianta entender o que sente se a gente não sabe o que fazer com isso, né?

Você já se pegou reagindo de forma intensa a algo pequeno e depois pensando: “pra quê tudo isso?”. Ou sentiu algo muito forte por dentro, mas teve que engolir seco pra ninguém perceber?

A verdade é que todo mundo sente, mas nem todo mundo aprendeu o que fazer com o que sente. É aí que entra a regulação emocional, uma habilidade que a gente não nasce sabendo, mas pode (e deve!) desenvolver com o tempo.


O que é regulação emocional?

Regulação emocional é a capacidade de perceber, compreender, lidar e expressar emoções de maneira saudável.

Não é sobre “não sentir” ou “manter o controle a qualquer custo”, mas sim conseguir dar um sentido às emoções e responder a elas com consciência, em vez de agir no impulso ou engolir tudo.

Segundo o psicólogo James Gross (1998), a regulação emocional envolve três momentos:

  • Perceber que uma emoção surgiu;
  • Interpretar o que ela quer dizer;
  • Decidir como agir com base nela.

É como se fosse o botão que permite desacelerar entre o “sinto” e o “ajo”.


O que acontece no cérebro?

Pra explicar de forma simples:
Quando sentimos algo intenso, como raiva ou medo, a amígdala cerebral é ativada. Ela é responsável por detectar ameaças e preparar o corpo pra reagir, tipo aquele “modo sobrevivência”.

Mas pra pensar com calma, fazer escolhas conscientes e avaliar o que realmente faz sentido, a gente precisa do córtex pré-frontal, que é mais racional e reflexivo. Quanto mais treinamos a regulação emocional, melhor essa comunicação entre emoção e razão funciona.


Por que isso é importante?

Porque emoções fazem parte da vida, e não vão deixar de existir, mas a forma como lidamos com elas muda tudo:

  • Sem regulação: a gente grita, se fecha, evita, se culpa.
  • Com regulação: a gente entende, processa, escolhe o que fazer com o que sente.

Isso vale tanto pra momentos de raiva quanto pra insegurança, tristeza ou ansiedade.


E na prática, como isso aparece?

Exemplo 1:
Você recebe uma crítica no trabalho.
Sem regulação: leva pro pessoal, se irrita, rebate ou se fecha.
Com regulação: sente o incômodo, respira, entende que não é um ataque e usa aquilo como aprendizado (ou decide com clareza que não faz sentido absorver).

Exemplo 2:
Você tá ansioso pra uma apresentação.
Sem regulação: entra em pânico, evita, desmarca.
Com regulação: reconhece que está ansioso, acolhe o sentimento, se prepara com mais atenção e vai mesmo assim.


Como desenvolver regulação emocional?

Aqui vão práticas embasadas e possíveis de aplicar no dia a dia:

  • Nomeie o que sente: quando você dá nome pra emoção (“tô frustrado”, “tô insegura”), o cérebro já entende melhor como processar aquilo.
  • Observe seus gatilhos: que situações te desequilibram com frequência? Ter consciência disso é o primeiro passo pra reagir de forma diferente.
  • Respire antes de reagir: respirar profundamente ativa o sistema de calma do corpo (sistema parassimpático). Ajuda a sair do modo automático.
  • Reflita antes de agir: o que você quer comunicar? Vale a pena falar agora? Como se sentirá depois? Isso te ajuda a alinhar emoção com intenção.
  • Tenha recursos de regulação: pode ser escrever, caminhar, ouvir uma música, conversar com alguém. Cada pessoa tem seus recursos, o importante é reconhecer os seus.
  • Faça terapia: é no processo terapêutico que você vai identificando padrões emocionais, entendendo suas reações e desenvolvendo estratégias específicas pra você.

Quando é sinal de alerta?

Todo mundo desregula às vezes, mas se você:

  • explodir com frequência,
  • se sentir sempre no limite emocional,
  • ou sentir que não consegue nomear ou entender o que sente…

… pode ser o momento de buscar um psicólogo, pois a regulação emocional é aprendida, e buscar ajuda é um passo de coragem, não de fraqueza.

Além disso, dificuldades intensas de regulação emocional podem estar presentes em transtornos como:

  • Transtorno de personalidade borderline,
  • Transtornos de humor (como depressão),
  • TDAH,
  • Ansiedade generalizada.

Mas atenção: isso NÃO é diagnóstico, é apenas um lembrete de que, se algo está difícil de lidar sozinho, você não precisa lidar sozinho.


Pra fechar…

Regulação emocional não é sobre ser frio ou controlar tudo, é sobre sentir com consciência, é sobre cuidar do que sente, sem deixar que isso te engula, nem que você precise se calar o tempo todo pra ser aceito.

E aí? Como anda sua relação com as suas emoções?