Autor: gigibalielo1

  • Todo mundo parece saber mais do que eu: será que é só insegurança?

    Todo mundo parece saber mais do que eu: será que é só insegurança?

    Você está lá, na sala de aula, e alguém começa a falar um monte de coisa que você mal ouviu falar… De repente, bate aquele pensamento:

    “Como assim essa pessoa sabe tudo isso e eu nem o básico direito?”
    “Será que eu tô atrasado(a)?”
    “Acho que não sou bom o suficiente pra estar aqui…”

    Se identificou? Isso tem nome: síndrome do impostor. E se você é estudante (principalmente de psicologia), é bem possível que ela já tenha te feito companhia por aí.

    O que é a síndrome do impostor?

    É quando a gente duvida da própria capacidade, mesmo tendo provas de que tá indo bem.
    A pessoa sente que tá “enganando todo mundo”, que foi sorte chegar até onde chegou, ou que não sabe tanto quanto parece.

    E sabe o mais curioso?
    Geralmente, quem sente isso é justamente quem é responsável, esforçado(a), dedicado(a)… Só que se cobra tanto que nunca se sente bom o suficiente.

    Por que isso acontece tanto na faculdade?

    A faculdade é um ambiente onde:

    • Estamos o tempo todo sendo avaliados;
    • Tem muita comparação (principalmente nas redes);
    • Nem sempre conseguimos acompanhar o conteúdo no nosso ritmo;
    • A pressão de “ser um bom profissional” começa antes mesmo da formação.

    Isso sem contar quem trabalha e estuda, ou quem tá passando por questões pessoais ao mesmo tempo, aí é fácil olhar pro lado e pensar: “Todo mundo está indo melhor que eu…”

    Spoiler: não tá.

    Todo mundo tem inseguranças, mesmo que não demonstre.
    Até aquela pessoa que fala super bem nas apresentações provavelmente se sente travada em outro contexto (todo mundo tem um ponto delicado), a diferença é que nem sempre a gente vê o bastidor do outro, só o destaque.

    O que eu posso fazer para lidar melhor com essa insegurança?

    Pare de comparar seu capítulo 2 com o capítulo 8 de alguém.
    Cada pessoa tem seu tempo, sua bagagem, seu ritmo.

    Valorize o que você já aprendeu.
    Se olhar pra trás, com certeza vai ver o quanto já evoluiu desde que começou.

    Fale sobre isso com colegas.
    Às vezes, só de ouvir que outra pessoa também se sente assim, a gente já se sente mais humano.

    Permita-se errar e aprender.
    Você não precisa saber tudo agora, você está em formação ainda (faz parte do processo e está tudo bem).

    Se possível, faça terapia.
    Ela ajuda a identificar essas vozes críticas internas e fortalecer uma autoimagem mais realista (e gentil).

    Você não é menos por estar aprendendo

    Você não precisa ser o estudante perfeito pra ser um ótimo profissional no futuro. Na verdade, quem reconhece que ainda tem o que aprender… já tá no caminho certo.

    A insegurança pode aparecer, com certeza, mas ela não define seu valor. Você não tá aqui por acaso, e não tá sozinho(a) nessa jornada!

  • O que acontece no seu cérebro quando você procrastina?

    O que acontece no seu cérebro quando você procrastina?

    Sabe quando você tem mil coisas pra fazer, abre o caderno… e do nada tá lavando a louça, assistindo vídeo aleatório ou reorganizando o feed? Pois é, isso não é só “falta de foco”, é o seu cérebro funcionando do jeitinho dele.

    Vamos entender o que acontece por dentro da cabeça da gente quando a procrastinação aparece?

    Primeiro: o que é procrastinar?

    Procrastinar não é preguiça.

    É quando a gente adia, evita ou troca uma tarefa (geralmente importante) por outra que parece mais agradável ou menos “pesada” naquele momento.
    Vou dar um exemplo comum: tem que estudar pra prova, mas decide assistir uma série “só um episódio” – SPOILER: você nunca assiste só um…

    A real é que a procrastinação é uma estratégia de fuga emocional.
    Seu cérebro tá tentando te proteger de algo que ele entende como desconfortável (seja tédio, medo de errar, pressão, insegurança ou até perfeccionismo).

    O cérebro e a busca pelo alívio imediato

    Nosso cérebro é programado pra buscar recompensas. Ele ama um alívio rápido.
    Quando a gente pensa em fazer algo difícil, chato ou desafiador, o cérebro já liga o alarme: “isso aqui vai ser estressante, melhor evitar”.

    E aí quem entra em cena?
    O sistema límbico (a parte emocional do cérebro), que grita “foge!”

    Enquanto isso, o córtex pré-frontal (responsável pelo raciocínio, planejamento, foco) até tenta tomar as rédeas, mas… ele cansa rápido se a pressão for grande.

    Resultado? A gente escorrega pra qualquer tarefa mais fácil e prazerosa. É o famoso:

    “Só vou ver esse vídeo rapidinho…”
    “Já já eu começo”
    “Depois eu faço melhor, agora não tô 100%”

    Mas por que isso vira um ciclo?

    Porque o cérebro associa a fuga ao alívio.
    E como ele ama repetir tudo que traz alívio, adiar a tarefa vira um hábito. A cada vez que você escapa de algo desconfortável, o cérebro pensa: “Boa, isso funcionou. Vamos fazer sempre!”

    Só que aí vem a culpa. E aí procrastina de novo. E vem mais culpa.
    E quando vê… virou rotina.

    Como sair desse ciclo?

    Não existe fórmula mágica, mas alguns passos podem ajudar (e muito!):

    1. Se pergunte o que você tá sentindo.
      Às vezes não é falta de disciplina, é ansiedade, medo de errar, ou sensação de incapacidade.
    2. Divida a tarefa em micropassos.
      Seu cérebro não curte tarefas gigantes. Comece por algo ridiculamente simples, tipo: “abrir o PDF” ou “escrever o título”.
    3. Crie pequenas recompensas.
      “Se eu escrever por 20 minutos, posso ver um episódio.” O cérebro ama saber que algo legal vem depois.
    4. Pare de esperar motivação pra começar.
      A ação gera motivação, e não o contrário. Se esperar vontade, talvez nunca comece.

    Procrastinar é humano

    Tá tudo bem procrastinar de vez em quando. Isso não faz de você uma pessoa preguiçosa ou incapaz. Mas entender o que está por trás desse comportamento pode te ajudar a lidar com mais leveza (e menos culpa).

    Então da próxima vez que você se pegar reorganizando o guarda-roupa quando era pra estar estudando… respira fundo e lembre-se:
    talvez não seja falta de vontade, talvez seja só o seu cérebro tentando te proteger do desconforto.

    Aí você agradece ele, e começa mesmo assim. Um passo de cada vez, né?

  • Você realmente se conhece? O que é o autoconhecimento na psicologia

    Você realmente se conhece? O que é o autoconhecimento na psicologia

    “Você se conhece?”

    Essa pergunta, que parece simples à primeira vista, pode nos levar a reflexões profundas, concordam? Afinal, quem somos nós por trás dos papéis que desempenhamos, das expectativas que tentamos atender e dos pensamentos que nos acompanham todos os dias?

    O autoconhecimento é um tema muito falado hoje em dia, especialmente nas redes sociais. Mas na psicologia, ele vai além de frases de efeito ou testes rápidos: trata-se de um processo contínuo, profundo e muitas vezes desafiador, mas que pode transformar a forma como nos relacionamos com o mundo e, principalmente, com nós mesmos.

    O que é autoconhecimento?

    Na psicologia, o autoconhecimento envolve a capacidade de reconhecer nossas emoções, pensamentos, padrões de comportamento, valores e motivações. É o processo de nos tornarmos conscientes de quem somos, não só do que mostramos para o mundo, mas também daquilo que muitas vezes escondemos até de nós mesmos, sabe?

    Ele é fundamental para o desenvolvimento da identidade e está diretamente relacionado à saúde mental, pois quando nos conhecemos melhor, temos mais clareza sobre nossas necessidades, limites, desejos e reações. Isso ajuda na tomada de decisões, na regulação emocional e na construção de relações mais saudáveis.

    Mas como “se conhecer” na prática?

    O autoconhecimento não é algo que acontece de uma vez. É um processo que pode acontecer de diferentes formas, por meio da terapia, da escrita, da meditação, do convívio com outras pessoas, de momentos difíceis e até de conflitos internos.

    Algumas formas práticas de exercitar o autoconhecimento incluem:

    • Observar os próprios pensamentos e emoções sem julgamento;
    • Identificar padrões repetitivos (por exemplo, situações em que você sempre se sente da mesma forma);
    • Refletir sobre as escolhas que você faz e os motivos por trás delas;
    • Entender quais são seus valores e o que é importante pra você;
    • Reconhecer seus limites — físicos, emocionais e relacionais.

    Autoconhecimento não é sobre “corrigir” quem somos, mas sim sobre nos enxergar com mais clareza e compaixão.

    Por que isso é tão importante?

    Quando não nos conhecemos, corremos o risco de viver no piloto automático, reagindo às situações sempre do mesmo jeito e sem entender o porquê. Podemos acabar nos colocando em relações que nos fazem mal, escolhendo caminhos que não têm nada a ver com a gente, ou exigindo de nós uma perfeição que nem é realista.

    Já quando estamos em contato com quem somos, temos mais autonomia emocional e mais consciência pra construir uma vida com mais sentido.

    Sendo assim, podemos dizer que o autoconhecimento não elimina os desafios, mas nos fortalece para lidar com eles com mais presença e menos culpa.

    Você se permite se conhecer?

    Se conhecer é um ato de coragem. É se olhar no espelho com sinceridade, acolher o que existe em si e permitir mudanças com gentileza.

    Talvez o autoconhecimento comece por aí: pela disposição de parar, respirar e perguntar a si mesmo, com curiosidade e sem julgamento: Como eu realmente estou?.

  • Por que é tão difícil mudar um hábito?

    Por que é tão difícil mudar um hábito?

    Se você já prometeu que começaria a dormir mais cedo, se exercitar todos os dias, ou parar de checar o celular a cada cinco minutos — mas se viu voltando ao mesmo padrão no segundo ou terceiro dia — você não está sozinho. Mudar um hábito pode parecer uma tarefa simples na teoria, mas na prática é um processo que envolve tanto a mente quanto o corpo.

    Hoje vamos entender por que temos tanta dificuldade para mudar hábitos e como a psicologia e o funcionamento do nosso cérebro explicam esse desafio.

    Como um hábito se forma?

    Um hábito é um comportamento aprendido que se repete automaticamente, muitas vezes sem que a gente perceba. Para isso acontecer, o cérebro cria uma espécie de “atalho” — algo que permite economizar energia ao repetir comportamentos que já foram feitos antes com sucesso (ou que geraram alguma forma de recompensa).

    O processo de formação de um hábito envolve três etapas principais, chamadas de “loop do hábito”:

    • Gatilho: algo que inicia o comportamento (por exemplo: sentir ansiedade, ouvir uma notificação, ou chegar em casa cansado).
    • Rotina: o comportamento em si (comer um doce, abrir o Instagram, fumar um cigarro).
    • Recompensa: a sensação boa ou alívio que vem logo depois (prazer, distração, conforto emocional).

    Ao repetir esse ciclo diversas vezes, o cérebro fortalece as conexões envolvidas — especialmente nas áreas responsáveis por comportamento automático, como os gânglios da base. Com o tempo, o comportamento se torna quase inconsciente.

    O desafio da mudança

    Sabendo disso, dá pra entender por que mudar um hábito exige mais do que força de vontade. É como tentar remar contra uma correnteza que foi sendo criada com o tempo. E quanto mais antiga ou emocionalmente carregada for essa rotina, mais difícil é quebrar o ciclo.

    Outro ponto importante: nosso cérebro adora recompensas imediatas. Ele tende a priorizar aquilo que oferece um alívio rápido, mesmo que a longo prazo não seja o melhor para nós. Por isso, hábitos como procrastinar, rolar o feed ou beliscar algo quando estamos estressados acabam sendo reforçados com frequência.

    Além disso, estamos lidando com vários fatores ao mesmo tempo:

    • Emoções (como ansiedade, culpa ou tédio),
    • Crenças (“eu nunca consigo manter nada”),
    • Contexto (rotina corrida, ambiente não estruturado),
    • E, claro, o cansaço mental (funções executivas sobrecarregadas).

    Então… o que fazer?

    Mudar um hábito envolve consciência, consistência e compaixão. A psicologia mostra que pequenas mudanças, feitas de forma gradual e realista, têm muito mais chances de sucesso do que tentativas radicais. Algumas estratégias incluem:

    • Identificar o gatilho: o que geralmente vem antes do comportamento que quero mudar?
    • Substituir a rotina, não só eliminá-la: o que posso fazer no lugar, que traga uma recompensa semelhante?
    • Criar lembretes e rituais: transformar o novo hábito em parte da rotina, com ajuda de anotações, alarmes ou combinações com outras tarefas (“depois do café, escrevo 5 minutos”).
    • Celebrar pequenas conquistas: cada passo conta, mesmo os menores. O cérebro precisa de reforço positivo!

    Mudança é caminho, não cobrança

    Mudar hábitos é, acima de tudo, um processo de autoconhecimento. Envolve observar nossos padrões com curiosidade, e não com culpa. Às vezes, um hábito que parece “ruim” foi criado como uma forma de nos proteger ou regular uma dor.

    Por isso, se você está tentando mudar alguma coisa na sua vida, lembre-se: leve o processo com gentileza. Não se trata de se forçar a ser alguém “melhor”, mas de se permitir crescer com mais consciência e cuidado.

    E aí, qual hábito você gostaria de mudar — ou criar?

  •  Descubra como o Cérebro se Regenera e Reorganiza 

     Descubra como o Cérebro se Regenera e Reorganiza 

    Por muito tempo, os danos cerebrais eram vistos como irreversíveis. Uma vez lesionado o cérebro jamais se recuperaria. No entanto, avanços científicos e tecnológicos levaram a uma nova compreensão do cérebro e à descoberta da plasticidade neural, fenômeno que transformou nossa visão sobre a capacidade de reabilitação do cérebro. Conheça mais sobre o tema no decorrer do texto.

    O que é Plasticidade Neural?

    A plasticidade neural, nada mais é do que a capacidade do cérebro formar novas conexões sinápticas entre neurônios, como resultado das experiências e pelos novos comportamentos aprendidos, viabilizando a adaptação reorganização cerebral, por meio da aprendizagem de novos comportamentos, o resultando em um desenvolvimento contínuo. A neuroplasticidade não ocorre somente em pessoas com lesões neurológicas, esse processo ocorre a todo tempo, em todas as pessoas e em todas as fases do desenvolvimento.

    O grau de plasticidade neural varia com a idade do indivíduo. Durante o desenvolvimento, o sistema nervoso é mais moldável (plástico), principalmente nas fases denominadas de períodos críticos, em que o Sistema Nervoso Central (SNC) é mais suscetível a transformações. Períodos críticos (ou janelas de oportunidade) são fases de desenvolvimento, nas quais algumas conexões neurais estão mais suscetíveis à aprendizagem. Nesse período há aumento da potencialidade de desenvolvimento.

    Esse fenômeno desafia a ideia de que o cérebro não pode modificar-se, pois a plasticidade neural demonstra que as funções e estruturas do Sistema Nervoso Central (SNC) podem adaptar-se a diferentes estímulos e assim recuperar e até adotar funções de outras áreas do cérebro através da aprendizagem e do treinamento.

    Aprendizado e Reabilitação

    A plasticidade neural e a aprendizagem são fenômenos intrinsecamente relacionados e ao desenvolvimento das funções neuropsicológicas e motoras. Cada novo comportamento aprendido desde o nascimento até a fase adulta resulta no fortalecimento de conexões neurais, as quais se tornam mais fortes à medida em que a mesma atividade é realizada repetidamente.

    Em outras palavras, quanto mais determinada tarefa é realizada mais fortes se tornam as conexões neurais relacionadas àquela atividade, quanto mais fortes essas conexões, mais fácil se torna a execução daquele comportamento, isso se chama de aprendizagem.

    Estimular o cérebro ao longo da vida, seja por meio de psicoterapia, exercícios específicos ou treinamento, é fundamental para manter um nível de funcionamento cerebral satisfatório.

    O Caso Phineas Gage

    Um famoso caso de adaptação cerebral é o de Phineas Gage. Um operário de ferrovias estadunidense, de 25 anos, que em 1848 sofreu um grave acidente enquanto trabalhava na construção de trilhos. Uma explosão acidental fez com que uma barra de ferro de quase 1 metro de comprimento e 3 cm de diâmetro penetrasse seu crânio, atravessando e destruindo parte do lobo frontal do seu cérebro.

    Phineas Gage sobreviveu ao acidente, mas sua personalidade e comportamento mudaram completamente. Antes do acidente, Gage era descrito como um homem confiável e respeitador, mas após o acidente, passou a se comportar de forma impulsiva e grosseira. Essa modificação afetou toda sua vida, incluindo as áreas social e profissional, pois sua capacidade de se adequar socialmente foi completamente comprometida.

    Esse caso nos mostra como o cérebro pode se adaptar a lesões. Pois mesmo que ele tenha sofrido danos irreversíveis em uma parte do lobo frontal, as outras áreas do cérebro compensaram esses danos, permitindo que ele sobrevivesse e se adaptasse a uma nova forma de funcionamento, apesar das notáveis alterações em sua personalidade. Essa adaptação é um exemplo de como a plasticidade neural influencia como o cérebro se recupera e se adapta após lesões cerebrais.

    Desafios e Oportunidades em Doenças Neurológicas

    Doenças do SNC, como acidente vascular cerebral, Alzheimer, Parkinson e lesões na medula espinhal, costumam ser consideradas irreversíveis. No entanto, a plasticidade neural oferece uma nova esperança á medida em que, em casos como esses, a depender do prognóstico e das intervenções neuropsicológicas aplicadas, células nervosas próximas a áreas lesionadas podem assumir parte das funções perdidas, melhorando a qualidade de vida dos pacientes. Em todo caso é preciso levar em consideração que a recuperação depende de vários fatores, entre eles a idade do paciente, a localização da lesão e a qualidade do atendimento inicial após a lesão.

    Embora a plasticidade neuronal, seja um fenômeno notável, ainda precisamos nos aprofundar e desenvolver mais estudos para compreender melhor esse fenômeno, pois diferentemente do sistema nervoso periférico, o SNC enfrenta desafios na regeneração de lesões, o que torna a recuperação funcional mais complexa.

    Compreender a neuroplasticidade abre portas para novos tratamentos e intervenções em casos de doenças neurológicas A ideia de que o cérebro é moldável e adaptável traz esperança para pessoas que antes não viam possibilidades de recuperação.

    Nos últimos anos, pesquisas sobre neuroplasticidade tem crescido, trazendo novas descobertas e aplicações práticas. Algumas das descobertas mais recentes incluem:

  • Diferenças Entre Avaliação Psicológica e Neuropsicológica

    Diferenças Entre Avaliação Psicológica e Neuropsicológica

    A partir dos avanços tecnológicos, em 1913 surgiu a Neurospicologia, campo de conhecimento que conecta a Psicologia às neurociências, ao estudar como o funcionamento cerebral exerce influência na cognição e no comportamento humano.

    Tendo sido reconhecida como especialidade em 2004, pelo Conselho Federal de Psicologia, a mesma tem avançado e se desatacado na avaliação e reabilitação funcional do cérebro. No texto a seguir discutiremos quais a diferenças entre um processo avaliativo psicológico e neuropsicológico.

    A Neuropsicologia é o campo de estudo da Psicologia que mais se aproxima de Medicina à medida em que as interrelaciona por meio da Neurologia, interrelacionando as neurociências e a ciência comportamental.

    A mesma surgiu a partir da multidisciplinaridade entre neuroanatomia, neurofisiologia, estatística, linguística e ciências comportamentais, estabelecendo-se como uma área de conhecimento dedicada ao estudo do comportamento humano através da compreensão do funcionamento cerebral.

    A Neuropsicologia está presente em áreas como educação e trabalho, mas principalmente no campo da saúde, atuando no contexto clínico e hospitalar, pois se dedica a avaliar e intervir em casos de dificuldades cognitivas decorrentes de lesões neurológicas específicas. Realiza diagnóstico diferencial, prevenção e reabilitação de pacientes com limitações neurológicas, tanto estruturais quanto funcionais, assim como com transtornos neurológico e/ou psiquiátricos.

  • Como a Ansiedade Pode Afetar sua Memória?

    Como a Ansiedade Pode Afetar sua Memória?

    Ansiedade é um tema que já faz parte do nosso dia-a-dia, seja no ambiente de trabalho, acadêmico ou até em uma conversa entre amigos, o tema acaba por surgir em algum momento. Não é surpresa que com um estilo de vida cada vez mais acelerado, todos nós já tenhamos experimentamos algum nível de ansiedade. A ansiedade pode desencadear uma série de sintomas e um deles, menos conhecido, está relacionado a memória. No texto a seguir iremos apresentar o conceito de ansiedade e como ela pode afetar nossa capacidade de memorização.

    Sabe aquele frio na barriga antes de falar em público, o coração acelerado ao perceber que podemos nos atrasar ou até mesmo pensamentos antecipatórios que nos impedem de dormir à noite? Essas podem ser algumas formas de manifestação da ansiedade. Porém, quando a ansiedade se encontra elevada pode surgir um outro sintoma.

    Aquela chave que some bem na hora em que precisamos sair, aquele e-mail importante que deveria ter sido enviado, aquele branco na hora da prova. Essa podem ser manifestações ligadas a altos níveis de ansiedade.  Mas antes de explorarmos como a ansiedade afeta a memória precisamos compreender o que é esse fenômeno do nosso organismo.

    O que é memória?

    A memória é um processo cognitivo que tem por finalidade armazenar e recuperar informações e ocorre através de 3 etapas distintas: a codificação, o armazenamento e a recuperação.

    • Codificação: Processo pelo qual informações são aquiridas. Neste momento inicial as informações percebidas pelos sentidos (visão, audição, tato, paladar, olfato, cinestésico e vestibular), são coletadas e modificadas para serem armazenadas da melhor maneira.
    • Armazenamento: O armazenamento pode ocorrer de diferentes formas, as quais possuem relação com tipo (memória episódica, semântica e processual) e o tempo que informações codificadas anteriormente necessitam estar na memória (memórias de curto, médio e longo prazo).
    • Recuperação: É o processo pelo qual as informações armazenadas são acessadas. Ou seja, o ato de lembrar.

    A memorização envolve uma série de etapas as quais dependem dos processos atencionais. Habilidade importantíssima que é afetada quando os níveis de estresse e ansiedade estão elevados.

    O papel da atenção

    A memória envolve uma série de etapas, nas quais os processos atencionais possuem um papel fundamental. Os processos atencionais estão ligados às funções executivas e podem ser classificados em diferentes tipos, alguns deles são:

    • Atenção Concentrada: É a capacidade de estar atento a uma só tarefa, ou seja, de se concentrar um único objeto.
    • Atenção Alternada ou Dividida: Habilidade de intercalar o foco da atenção entre diferentes tarefas, de acordo com a necessidade.
    • Atenção Sustentada: Capacidade de manter a atenção em determinado estímulo por um longo período.

    A atenção pode ser afetada pela ansiedade pois quando estamos ansiosos nosso cérebro se prepara para agir e o foco se torna o objeto de ameaça, seja ela físico ou psicológico. Mas nem sempre isso é algo ruim.

    Ansiedade mocinha ou vilã?

    Apesar do significado popularmente atribuído ao termo ansiedade, como algo desagradável que precisa ser combatido, a mesma é uma reação natural do organismo frente a possibilidade de um risco, no qual o corpo se prepara para reagir fugindo, paralisando ou lutando.

    Ao perceber uma ameaça, seja ela física ou psicológica, o sistema nervoso simpático é ativado. Em uma fração de segundos, adrenalina é liberada na corrente sanguínea que faz com que o coração bata mais rápido, aumentando a pressão e dilatando os brônquios, o que aumenta a capacidade respiratória, fornecendo mais oxigênio e nutrientes aos músculos. Enquanto o corpo todo se prepara para a lutar ou fugir a atenção se concentra na ameaça percebida.

    Quando estamos diante de uma situação que nos parece um risco, seja ela, uma freada brusca enquanto estamos atravessando a rua, ou a expectativa de apresentar aquele trabalho na frente da turma, todo o nosso organismo reage, provocando sensações como, coração acelerado, suor frio, frio na barriga, entre outros. Tudo isso é uma reação normal e importante do ponto de vista evolutivo e possui o objetivo de nos preservar de ameaças.

    Mas o problema está quando essas reações são ativadas em momentos que não deveriam ou em excesso. Em outras palavras, em vez nos ajudar acabam por atrapalhar. É importante notar que nem toda ansiedade é prejudicial. Pelo contrário, um certo nível de ansiedade pode ajudar a melhorar o desempenho da memória ao nos tornar mais alertas e focados.

    Medo ou ansiedade?

    As reações anteriormente citadas podem ser desencadeadas tanto em situações de medo como em situações de ansiedade, mas qual seria a diferença entre as duas manifestações?

  • Como funciona a personalidade borderline?

    Como funciona a personalidade borderline?

    Aprenda a identificar sintomas e sinais do Transtorno da Personalidade Limítrofe (ou Borderline)

    Você já sentiu medo do abandono? Aquele aperto no coração quando imaginamos ser deixados por nossos pais ou por alguém que amamos? Essa sensação é comum a todos os seres humanos em certos momentos da vida, mas para algumas pessoas ela se torna uma presença constante e dominante. Estamos falando do transtorno de personalidade borderline, também conhecido como limítrofe, que traz consigo uma série de desafios emocionais e psiquiátricos.

    Entendendo a personalidade limítrofe

    É importante considerar que o termo “borderline” significa “limítrofe”. Essa palavra descreve perfeitamente a precária fronteira entre a lucidez e a insanidade vivenciada por essas pessoas. A personalidade borderline é um grave transtorno mental que afeta cerca de 1% a 2% da população geral, sendo mais comum em mulheres, com sintomas que tendem a diminuir a partir dos 40 anos.

    Um dos aspectos mais desafiadores desse quadro é a instabilidade emocional vivida pelos pacientes. Eles experimentam uma variedade de sentimentos e emoções conflitantes, como raiva, tristeza, vergonha, pânico, terror e sensações crônicas de vazio e solidão. Além disso, a mudança de humor é rápida e frequente, oscilando entre estados de agitação e calma ao longo do dia.

    Principais sintomas

    A personalidade limítrofe engloba manifestações típicas de diversos transtornos psiquiátricos, como esquizofrenia, depressão e transtorno bipolar. No entanto, esses pacientes não se enquadram completamente nessas classificações, pois apresentam uma combinação dos mesmos sintomas, mas menos acentuados. Isso se traduz em comportamentos compulsivos e impulsivos, que podem variar desde a dependência química até a paranoia e a compulsão alimentar e por sexo. 

    Dificuldades de relacionamento

    Identificar uma pessoa com transtorno de personalidade borderline não é tão difícil, pois os sintomas costumam impactar todos que se relacionam com ela, principalmente os familiares. Provavelmente, ela enfrenta dificuldades significativas nos relacionamentos interpessoais.

    Elas podem idealizar intensamente uma pessoa em um momento e desvalorizá-la completamente em outro, levando a relacionamentos turbulentos e voláteis. Essas mudanças extremas de perspectiva podem ser extremamente desgastantes para todos os envolvidos, criando um ciclo de conflitos e rupturas.

    casal com dificuldades devido ao transtorno de borderline

    Comportamentos autodestrutivos

    A pessoa com a personalidade limítrofe, muitas vezes, se envolve em comportamentos de automutilação, como cortes ou queimaduras, buscando uma forma de aliviar a dor emocional intensa que sente. Também pode ter tendências suicidas e fazer tentativas de tirar a própria vida.

    Aliás, uma das consequências mais tristes dessa condição é o alto índice de suicídio. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 10% das pessoas com o transtorno acabam tirando suas próprias vidas. Uma estatística alarmante que nos mostra a importância de compreender e tratar adequadamente essa condição.

    Tratamento

    É fundamental entender que o transtorno de personalidade borderline não é uma escolha, mas sim uma condição clínica que requer tratamento e apoio adequados. Nesse sentido, uma abordagem multidisciplinar é fundamental, envolvendo o acompanhamento de profissionais como psiquiatras, psicólogos, enfermeiros e outros especialistas. 

    A medicação também pode ser utilizada como parte do tratamento, ajudando a controlar sintomas como depressão, ansiedade e impulsividade, mas ainda mais fundamental é que os pacientes recebam o apoio adequado de sua rede pessoal de apoio. O entendimento, a empatia e o suporte emocional são essenciais para auxiliar no processo de recuperação e no enfrentamento dos desafios diários.