Você já ouviu alguém dizer: “acho que tive um ataque de pânico”?
Embora a expressão tenha se popularizado, a Síndrome do Pânico (ou Transtorno de Pânico) é uma condição psicológica real, séria e que merece atenção profissional.
Neste post, vamos entender o que caracteriza essa síndrome de acordo com a psicologia e o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), como ela se manifesta, e quais são os caminhos possíveis para o tratamento.
O que é a Síndrome do Pânico?
A Síndrome do Pânico é o nome popular para o Transtorno de Pânico, um transtorno de ansiedade caracterizado por crises súbitas e recorrentes de medo ou mal-estar intensos, conhecidas como ataques de pânico.
Esses episódios surgem de forma inesperada, sem uma causa externa clara, e geram sintomas físicos e emocionais tão intensos que muitas pessoas acreditam estar tendo um ataque cardíaco, um desmaio ou até morrendo.
Como o DSM-5 define o Transtorno de Pânico?
De acordo com o DSM-5 (APA, 2013), o Transtorno de Pânico é diagnosticado quando o indivíduo apresenta:
- Ataques de pânico recorrentes e inesperados, acompanhados de pelo menos quatro dos seguintes sintomas:
- Palpitações ou aceleração cardíaca
- Sudorese
- Tremores ou abalos
- Sensações de falta de ar ou sufocamento
- Dor ou desconforto torácico
- Náusea ou desconforto abdominal
- Tontura, instabilidade ou sensação de desmaio
- Calafrios ou ondas de calor
- Formigamento
- Sensação de irrealidade (desrealização) ou de estar desligado de si mesmo (despersonalização)
- Medo de perder o controle, “enlouquecer” ou morrer
Além disso, após um ou mais ataques, é necessário que a pessoa apresente preocupação persistente com novas crises e/ou mudanças comportamentais significativas para evitá-las (ex: evitar sair de casa, lugares com muita gente, andar sozinho etc.).
Como a Síndrome do Pânico se manifesta no dia a dia?
O primeiro ataque costuma ser inesperado e traumático. Depois disso, muitas pessoas passam a:
- Evitar locais onde tiveram uma crise
- Sentir medo constante de “passar mal”
- Desenvolver comportamentos de evitação (ex: parar de dirigir, sair sozinhas, usar transporte público)
- Sentir-se inseguras longe de casa ou de alguém “de confiança”
- Sofrer com a ansiedade antecipatória: o medo de ter medo
Essas mudanças podem levar à restrição da vida social e funcional da pessoa, impactando profundamente sua qualidade de vida.
O que causa o Transtorno de Pânico?
Não existe uma única causa, mas sim uma combinação de fatores, como:
- Predisposição genética (histórico familiar de transtornos ansiosos)
- Estresse intenso ou traumático
- Disfunções na regulação do sistema nervoso autônomo
- Padrões de pensamento distorcidos e interpretação catastrófica de sensações corporais
- Fatores de personalidade e história de vida
Tratamento: qual o papel da psicologia?
A psicoterapia é essencial no tratamento da Síndrome do Pânico, e entre as abordagens, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma das que pode ajudar nisso.
Na TCC, trabalha-se:
- A identificação e reestruturação de pensamentos catastróficos
- Técnicas de exposição gradual a situações evitadas
- Estratégias de enfrentamento e relaxamento
- Reinterpretação de sensações corporais (ex: taquicardia ≠ morte)
Em alguns casos, a psicoterapia pode ser associada ao uso de medicação ansiolítica ou antidepressiva, sempre com acompanhamento de um médico psiquiatra. O psicólogo não prescreve medicamentos, mas pode orientar a busca por esse acompanhamento, quando necessário.
A importância do acolhimento e da psicoeducação
Muitas pessoas com Transtorno de Pânico demoram a buscar ajuda por vergonha, medo de julgamento ou por acreditarem que “é frescura”. Informar, acolher e desmistificar o transtorno é uma forma de romper esse ciclo.
Se você ou alguém próximo enfrenta episódios como esses, saiba: não é exagero, não é fraqueza e não precisa ser enfrentado sozinho. Existe tratamento, e a recuperação é totalmente possível.
Conclusão: pânico tem nome, causa e tratamento
A Síndrome do Pânico é um transtorno real e diagnosticável, que precisa ser compreendido com seriedade. A boa notícia é que, com o tratamento adequado, é possível retomar o controle da vida e recuperar o bem-estar emocional.
Buscar ajuda é o primeiro passo.
Falar sobre saúde mental é uma forma de cuidar — de si e de quem está à sua volta.