Dia: 8 de julho de 2025

  • Depressão: quando é hora de procurar ajuda?

    Depressão: quando é hora de procurar ajuda?

    Todo mundo se sente triste de vez em quando, e ás vezes sem motivo aparente, outras por situações difíceis.
    Mas… como saber quando essa tristeza passou do limite? Como diferenciar um momento ruim de algo mais sério?

    A depressão é uma condição real, que afeta o corpo, a mente e a forma como nos relacionamos com o mundo. Ainda hoje, é comum ouvirmos frases como “é só pensar positivo”, “é falta de força de vontade” ou “todo mundo tem seus dias ruins” , mas depressão vai muito além disso.

    Neste post, vamos te ajudar a entender melhor o que é depressão, quais são seus sintomas, como diferenciá-la da tristeza comum, e o que fazer caso você ou alguém próximo precise de ajuda.


    O que é depressão?

    A depressão, segundo o DSM-5, é um transtorno de humor caracterizado por sintomas emocionais, físicos e cognitivos persistentes por pelo menos duas semanas, com prejuízo significativo na vida da pessoa.

    E ela não é só um “estado de espírito ruim”, é uma condição biopsicossocial, ou seja, envolve aspectos biológicos, psicológicos e sociais.

    O que acontece no corpo?

    No cérebro de uma pessoa com depressão, há um desequilíbrio em neurotransmissores como serotonina, dopamina e noradrenalina, que são substâncias responsáveis por regular humor, sono, apetite, energia e motivação.

    Além disso, estudos mostram que regiões do cérebro ligadas à regulação emocional — como o hipocampo, a amígdala e o córtex pré-frontal — podem apresentar alterações em seu funcionamento e volume em pessoas com depressão grave.

    Ou seja: não é “frescura” nem imaginação. Há uma base física real para o que a pessoa sente.


    Sintomas comuns de depressão

    De acordo com o DSM-5, para que um episódio depressivo maior seja diagnosticado, a pessoa deve apresentar pelo menos cinco dos seguintes sintomas durante um período mínimo de duas semanas, e pelo menos um dos sintomas precisa ser obrigatoriamente humor deprimido ou perda de interesse/prazer em atividades. Esses sintomas devem representar uma mudança em relação ao funcionamento anterior e causar prejuízo significativo na vida da pessoa.

    Alguns sintomas são:

    1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias
    2. Diminuição acentuada do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades
    3. Perda ou ganho significativo de peso, ou alteração no apetite
    4. Insônia ou hipersonia quase todos os dias
    5. Agitação ou retardo psicomotor observável por outras pessoas
    6. Fadiga ou perda de energia
    7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva
    8. Diminuição da capacidade de pensar, concentrar-se ou tomar decisões
    9. Pensamentos recorrentes de morte, ideação suicida, planejamento ou tentativa

    Importante: os sintomas não podem ser causados por uso de substâncias ou por outra condição médica e não se limitam a uma reação proporcional a um evento de luto.

    Nem toda tristeza é depressão, e nem toda depressão é visível.


    Tristeza ou depressão?

    Uma das dúvidas mais comuns é: “Mas será que o que eu sinto é depressão ou só uma fase difícil?”

    A tristeza é:

    • Uma emoção natural, geralmente associada a eventos específicos (ex: término, perda, frustração)
    • Passageira, mesmo que intensa
    • Uma resposta proporcional ao contexto
    • Algo que não costuma causar perda significativa de funcionamento

    Exemplo: você tirou uma nota ruim na prova que se esforçou. Isso te deixa pra baixo, desanimado por uns dias. Talvez você chore, fique introspectivo, mas aos poucos vai retomando o ânimo e voltando ao que gosta.

    Já a depressão pode ser:

    • Persistente, sem necessariamente um motivo claro
    • Tira o brilho até das coisas boas
    • Pode causar isolamento, desesperança, e sintomas físicos
    • Afeta seu sono, apetite, concentração e autoestima
    • Prejudica a vida pessoal, social e profissional

    Exemplo: você até tirou uma nota boa na prova, mas não sentiu nada. O final de semana chegou e você não quis sair da cama. Alguém te chama pra fazer algo legal e você recusa, não por preguiça, mas porque parece que nada faz mais sentido (e isso se repete há semanas).


    Quando é hora de buscar ajuda?

    • Quando os sintomas duram mais de duas semanas
    • Quando você sente que não é mais você mesmo
    • Quando tarefas simples viram um esforço enorme
    • Quando há pensamentos constantes de desistência, inutilidade ou morte
    • Quando o sofrimento emocional passa a afetar sua vida pessoal, profissional ou social

    Se você chegou até aqui e se identificou, por favor, considere procurar ajuda.


    Canais de ajuda imediata (urgência/emergência)

    Se você ou alguém próximo está em sofrimento intenso ou em risco de vida, aqui estão alguns caminhos de ajuda:

    CVV – Centro de Valorização da Vida

    • Atendimento 24h, gratuito e sigiloso
    • Ligue 188 ou acesse www.cvv.org.br

    Unidade de Pronto Atendimento (UPA) ou hospital mais próximo

    • Em casos de urgência, busque um serviço de pronto atendimento
    • Em cidades maiores, há prontos-socorros psiquiátricos, que atendem crises

    Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)

    • Atendimento gratuito pelo SUS para casos moderados e graves
    • Informe-se na Secretaria de Saúde da sua cidade sobre o CAPS mais próximo

    Autodiagnóstico não é solução

    Por mais que seja comum se identificar com sintomas lendo conteúdos na internet, somente um profissional da saúde mental pode avaliar e diagnosticar corretamente.

    Se você desconfia que está com depressão, o caminho é procurar um psiquiatra (para avaliação clínica e medicamentosa) e/ou um psicólogo (para iniciar o acompanhamento psicoterapêutico).

    Não se automedique, não se compare com os outros, não silencie o que está sentindo.


    Você não está sozinho(a)

    Depressão tem tratamento, tem acompanhamento, e tem saída.
    Mas ela precisa ser levada a sério, com respeito, acolhimento e o cuidado que merece.

    Se você sente que está vivendo no modo automático, com um peso no peito que não passa, com pensamentos que doem e não cessam… isso é real, e você merece ajuda!

    Fazer terapia, buscar um psiquiatra e falar sobre isso, é um ato de coragem, cuidado e é o início da sua recuperação. Você não precisa estar no fundo do poço para pedir ajuda, pode começar agora, no seu tempo, no seu ritmo.