Dia: 23 de junho de 2025

  • Estou só repetindo padrões ou fazendo escolhas?

    Estou só repetindo padrões ou fazendo escolhas?

    Você já se perguntou por que certas situações parecem se repetir na sua vida?

    Tipo quando você termina um relacionamento e jura que agora vai ser diferente, mas pouco tempo depois se vê com alguém que tem os mesmos comportamentos tóxicos de antes? Ou quando muda de emprego, mas acaba se sentindo do mesmo jeito: sobrecarregada, pressionada, sem conseguir impor limites?

    Pois é… Às vezes a gente acha que está fazendo novas escolhas, mas na verdade só está repetindo padrões antigos, daqueles que a gente nem percebe que carrega.

    O que são padrões repetitivos?

    Na psicologia, chamamos de padrões de comportamento essas repetições de atitudes, reações e relações que se mantêm ao longo da vida, mesmo que o cenário mude.

    E eles não surgem do nada. Normalmente, têm raiz em vivências anteriores (muitas vezes da infância ou da adolescência) que moldaram nosso jeito de ver o mundo, de nos relacionar e de lidar com o que sentimos.

    Um exemplo?
    Se você cresceu em um ambiente onde precisou “andar em ovos” pra evitar conflito, é bem possível que, mesmo adulta, ainda tenha dificuldade de se posicionar ou colocar limites. E isso não é fraqueza, é uma forma de “sobrevivência” criada, e foi assim que você aprendeu a se proteger.

    Por que a gente repete?

    O cérebro humano adora previsibilidade, ele associa o familiar ao seguro, mesmo quando o “familiar” não faz bem. Então, se em algum momento da vida você aprendeu que amor é algo que exige esforço, dor ou sacrifício, pode ser que acabe procurando (inconscientemente) esse mesmo modelo em novas relações.

    Esse é um mecanismo automático, a gente não repete porque quer, mas porque ainda não se deu conta de que está repetindo…

    Reconhecer já é um passo

    O primeiro passo pra sair de um padrão é reconhecer que ele existe, e não precisa ser com julgamento, pois não é sobre se culpar, mas sim entender:

    “Por que eu faço isso?”
    “De onde vem essa minha dificuldade de confiar?”
    “Por que eu sempre priorizo o outro e me deixo de lado?”

    Essas perguntas já mostram que algo dentro de você está se tornando consciente, e consciência abre espaço pra escolha.

    Padrão não é identidade

    Às vezes, quando a gente repete os mesmos comportamentos por tanto tempo, acaba acreditando que aquilo define quem somos, como se o fato de sempre desconfiar, se sabotar, fugir de conversas difíceis ou ter medo de se apegar fosse uma parte fixa da nossa personalidade, mas não é.

    Isso são padrões que aprendemos em algum momento da vida, muitas vezes pra lidar com dores, faltas, medos ou inseguranças. E tudo que foi aprendido, pode ser olhado com mais cuidado e, se fizer sentido, transformado. Você não é seu medo de decepcionar, nem sua dificuldade de confiar, você está nesse lugar agora, e isso não te define.

    O que te define de verdade é sua coragem de olhar pra isso e se perguntar: “Será que ainda faz sentido continuar assim?”

    Quando vira escolha?

    A escolha começa quando a gente interrompe o automático, não é algo grandioso, nem precisa ser perfeito, ás vezes, é só aquele momento em que você percebe que está prestes a agir como sempre fez… mas respira fundo, pensa, e tenta fazer diferente.

    Pode ser dizer “não” quando você sempre disse “sim”, ou decidir não mandar aquela mensagem só porque está se sentindo carente. Pode ser escolher dar uma chance pra alguém que foge totalmente do seu “tipo” ou até conversar com um psicólogo sobre coisas que você sente e nunca conseguiu entender direito.

    Escolher começa aí: na pausa, na consciência, no pequeno desvio de rota que abre um novo caminho.

    O que a psicologia diz sobre isso?

    Do ponto de vista da psicologia, repetir padrões é algo esperado, especialmente quando esses comportamentos foram aprendidos como formas de lidar com situações difíceis ou de nos proteger emocionalmente.

    A abordagem cognitivo-comportamental (TCC), por exemplo, explica que grande parte do que sentimos e fazemos hoje tem ligação com pensamentos e crenças que desenvolvemos lá atrás, geralmente na infância. Esses esquemas mentais podem se tornar tão automáticos que a gente nem percebe que está reagindo a partir deles.

    Já a psicologia analítica, do Jung, fala sobre o processo de individuação, que é justamente esse caminho de se tornar quem se é de verdade, e não apenas uma repetição das figuras ou histórias que nos formaram.

    Em ambos os casos, o autoconhecimento é uma ferramenta essencial: ele nos ajuda a sair do modo automático, questionar o que estamos vivendo e, se necessário, escolher algo diferente do que sempre foi.

    Mas atenção: nem tudo dá pra fazer sozinha(o)

    Tem padrões que a gente só consegue perceber (e mudar) com ajuda, então se você sente que está vivendo ciclos que se repetem e machucam, pode ser hora de procurar um psicólogo. Não porque você está “errada”, mas porque merece entender sua história com mais cuidado, ok?

    Finalizando…

    Talvez você ainda repita algumas coisas, sim.
    Mas se chegou até aqui, refletindo, questionando, buscando se conhecer… isso já é uma escolha, e é uma das mais importantes que você pode fazer por você!

    Você não precisa viver no piloto automático, você pode aprender a escolher diferente.