Uma dúvida muito comum entre pais e responsáveis é: “será que meu filho precisa de terapia?”
Muitas vezes, o comportamento das crianças muda com o tempo ou diante de situações novas, o que é absolutamente normal no desenvolvimento. Mas em alguns casos, certos sinais merecem atenção e podem indicar que um acompanhamento psicológico seria importante.
Antes de tudo, é importante entender que a terapia infantil não é apenas para casos graves ou quando há um diagnóstico definido. Ela é um espaço de escuta, acolhimento e suporte para a criança lidar com emoções, comportamentos e situações difíceis, sempre com o acompanhamento ético e cuidadoso de um profissional especializado.
Mas como perceber que algo merece atenção?
Cada criança tem seu próprio ritmo de desenvolvimento, personalidade e maneira de lidar com o mundo. Por isso, não existe uma “lista fechada” de quando levar à terapia, mas alguns sinais podem indicar que seria interessante buscar uma avaliação profissional:
- Mudanças repentinas no comportamento: uma criança que antes era comunicativa e passa a ficar muito quieta, ou que era calma e passa a ficar muito agressiva, por exemplo.
- Reações emocionais desproporcionais: explosões de raiva frequentes, choros excessivos, medos que interferem nas atividades do dia a dia.
- Dificuldades persistentes na escola: queda no rendimento, dificuldade de concentração, conflitos com colegas ou resistência em frequentar o ambiente escolar.
- Problemas de sono ou alimentação: insônia, pesadelos frequentes, perda ou aumento excessivo do apetite sem causa médica aparente.
- Dificuldade de lidar com mudanças ou perdas: separação dos pais, morte de um familiar, mudança de escola ou de cidade.
- Sintomas físicos sem causa médica aparente: dores de cabeça ou de barriga frequentes, queixas somáticas associadas a situações emocionais.
Exemplo real do dia a dia:
Imagine uma criança que sempre foi sociável, gostava de brincar e de interagir com outras crianças. Depois de uma mudança de escola, ela passa a se isolar, a chorar sempre que precisa ir para a aula e a apresentar dores de estômago constantes. Nesse caso, buscar uma avaliação com um psicólogo infantil pode ajudar a entender o que está acontecendo e a apoiar a criança no processo de adaptação emocional.
Outro exemplo: uma criança que vivenciou a separação dos pais e começa a demonstrar muita raiva, dificuldade de dormir e comportamentos regressivos (voltar a fazer xixi na cama, por exemplo). Aqui, a terapia pode ser um espaço importante para ajudá-la a elaborar os sentimentos envolvidos.
Terapia não é apenas para “resolver problemas”
Vale reforçar que a terapia infantil também tem um papel preventivo e de promoção de saúde emocional. Ela ajuda a criança a desenvolver habilidades de autoconhecimento, de regulação emocional e de relacionamento interpessoal, aspectos fundamentais para seu bem-estar no presente e no futuro.
Assim como cuidamos da saúde física, cuidar da saúde emocional desde a infância é um investimento importante. Buscar um psicólogo não é sinal de fracasso dos pais, nem de que a criança “tem algo errado”. Pelo contrário, é um ato de cuidado, amor e responsabilidade.
Se houver dúvidas, busque orientação
Se você tem percebido mudanças no comportamento ou no bem-estar emocional do seu filho e está em dúvida se a terapia seria indicada, o melhor caminho é conversar com um profissional de psicologia infantil. Ele poderá avaliar de forma ética e cuidadosa se há necessidade de acompanhamento terapêutico ou se outros tipos de apoio seriam mais indicados no momento.
E é sempre importante lembrar: cada criança é única, e não existe um manual que sirva para todas. O importante é estar atento(a), sensível e disposto(a) a buscar ajuda quando perceber que ela pode ser necessária.