Dia: 1 de maio de 2025

  •  Descubra como o Cérebro se Regenera e Reorganiza 

     Descubra como o Cérebro se Regenera e Reorganiza 

    Por muito tempo, os danos cerebrais eram vistos como irreversíveis. Uma vez lesionado o cérebro jamais se recuperaria. No entanto, avanços científicos e tecnológicos levaram a uma nova compreensão do cérebro e à descoberta da plasticidade neural, fenômeno que transformou nossa visão sobre a capacidade de reabilitação do cérebro. Conheça mais sobre o tema no decorrer do texto.

    O que é Plasticidade Neural?

    A plasticidade neural, nada mais é do que a capacidade do cérebro formar novas conexões sinápticas entre neurônios, como resultado das experiências e pelos novos comportamentos aprendidos, viabilizando a adaptação reorganização cerebral, por meio da aprendizagem de novos comportamentos, o resultando em um desenvolvimento contínuo. A neuroplasticidade não ocorre somente em pessoas com lesões neurológicas, esse processo ocorre a todo tempo, em todas as pessoas e em todas as fases do desenvolvimento.

    O grau de plasticidade neural varia com a idade do indivíduo. Durante o desenvolvimento, o sistema nervoso é mais moldável (plástico), principalmente nas fases denominadas de períodos críticos, em que o Sistema Nervoso Central (SNC) é mais suscetível a transformações. Períodos críticos (ou janelas de oportunidade) são fases de desenvolvimento, nas quais algumas conexões neurais estão mais suscetíveis à aprendizagem. Nesse período há aumento da potencialidade de desenvolvimento.

    Esse fenômeno desafia a ideia de que o cérebro não pode modificar-se, pois a plasticidade neural demonstra que as funções e estruturas do Sistema Nervoso Central (SNC) podem adaptar-se a diferentes estímulos e assim recuperar e até adotar funções de outras áreas do cérebro através da aprendizagem e do treinamento.

    Aprendizado e Reabilitação

    A plasticidade neural e a aprendizagem são fenômenos intrinsecamente relacionados e ao desenvolvimento das funções neuropsicológicas e motoras. Cada novo comportamento aprendido desde o nascimento até a fase adulta resulta no fortalecimento de conexões neurais, as quais se tornam mais fortes à medida em que a mesma atividade é realizada repetidamente.

    Em outras palavras, quanto mais determinada tarefa é realizada mais fortes se tornam as conexões neurais relacionadas àquela atividade, quanto mais fortes essas conexões, mais fácil se torna a execução daquele comportamento, isso se chama de aprendizagem.

    Estimular o cérebro ao longo da vida, seja por meio de psicoterapia, exercícios específicos ou treinamento, é fundamental para manter um nível de funcionamento cerebral satisfatório.

    O Caso Phineas Gage

    Um famoso caso de adaptação cerebral é o de Phineas Gage. Um operário de ferrovias estadunidense, de 25 anos, que em 1848 sofreu um grave acidente enquanto trabalhava na construção de trilhos. Uma explosão acidental fez com que uma barra de ferro de quase 1 metro de comprimento e 3 cm de diâmetro penetrasse seu crânio, atravessando e destruindo parte do lobo frontal do seu cérebro.

    Phineas Gage sobreviveu ao acidente, mas sua personalidade e comportamento mudaram completamente. Antes do acidente, Gage era descrito como um homem confiável e respeitador, mas após o acidente, passou a se comportar de forma impulsiva e grosseira. Essa modificação afetou toda sua vida, incluindo as áreas social e profissional, pois sua capacidade de se adequar socialmente foi completamente comprometida.

    Esse caso nos mostra como o cérebro pode se adaptar a lesões. Pois mesmo que ele tenha sofrido danos irreversíveis em uma parte do lobo frontal, as outras áreas do cérebro compensaram esses danos, permitindo que ele sobrevivesse e se adaptasse a uma nova forma de funcionamento, apesar das notáveis alterações em sua personalidade. Essa adaptação é um exemplo de como a plasticidade neural influencia como o cérebro se recupera e se adapta após lesões cerebrais.

    Desafios e Oportunidades em Doenças Neurológicas

    Doenças do SNC, como acidente vascular cerebral, Alzheimer, Parkinson e lesões na medula espinhal, costumam ser consideradas irreversíveis. No entanto, a plasticidade neural oferece uma nova esperança á medida em que, em casos como esses, a depender do prognóstico e das intervenções neuropsicológicas aplicadas, células nervosas próximas a áreas lesionadas podem assumir parte das funções perdidas, melhorando a qualidade de vida dos pacientes. Em todo caso é preciso levar em consideração que a recuperação depende de vários fatores, entre eles a idade do paciente, a localização da lesão e a qualidade do atendimento inicial após a lesão.

    Embora a plasticidade neuronal, seja um fenômeno notável, ainda precisamos nos aprofundar e desenvolver mais estudos para compreender melhor esse fenômeno, pois diferentemente do sistema nervoso periférico, o SNC enfrenta desafios na regeneração de lesões, o que torna a recuperação funcional mais complexa.

    Compreender a neuroplasticidade abre portas para novos tratamentos e intervenções em casos de doenças neurológicas A ideia de que o cérebro é moldável e adaptável traz esperança para pessoas que antes não viam possibilidades de recuperação.

    Nos últimos anos, pesquisas sobre neuroplasticidade tem crescido, trazendo novas descobertas e aplicações práticas. Algumas das descobertas mais recentes incluem:

  • Diferenças Entre Avaliação Psicológica e Neuropsicológica

    Diferenças Entre Avaliação Psicológica e Neuropsicológica

    A partir dos avanços tecnológicos, em 1913 surgiu a Neurospicologia, campo de conhecimento que conecta a Psicologia às neurociências, ao estudar como o funcionamento cerebral exerce influência na cognição e no comportamento humano.

    Tendo sido reconhecida como especialidade em 2004, pelo Conselho Federal de Psicologia, a mesma tem avançado e se desatacado na avaliação e reabilitação funcional do cérebro. No texto a seguir discutiremos quais a diferenças entre um processo avaliativo psicológico e neuropsicológico.

    A Neuropsicologia é o campo de estudo da Psicologia que mais se aproxima de Medicina à medida em que as interrelaciona por meio da Neurologia, interrelacionando as neurociências e a ciência comportamental.

    A mesma surgiu a partir da multidisciplinaridade entre neuroanatomia, neurofisiologia, estatística, linguística e ciências comportamentais, estabelecendo-se como uma área de conhecimento dedicada ao estudo do comportamento humano através da compreensão do funcionamento cerebral.

    A Neuropsicologia está presente em áreas como educação e trabalho, mas principalmente no campo da saúde, atuando no contexto clínico e hospitalar, pois se dedica a avaliar e intervir em casos de dificuldades cognitivas decorrentes de lesões neurológicas específicas. Realiza diagnóstico diferencial, prevenção e reabilitação de pacientes com limitações neurológicas, tanto estruturais quanto funcionais, assim como com transtornos neurológico e/ou psiquiátricos.

  • Como a Ansiedade Pode Afetar sua Memória?

    Como a Ansiedade Pode Afetar sua Memória?

    Ansiedade é um tema que já faz parte do nosso dia-a-dia, seja no ambiente de trabalho, acadêmico ou até em uma conversa entre amigos, o tema acaba por surgir em algum momento. Não é surpresa que com um estilo de vida cada vez mais acelerado, todos nós já tenhamos experimentamos algum nível de ansiedade. A ansiedade pode desencadear uma série de sintomas e um deles, menos conhecido, está relacionado a memória. No texto a seguir iremos apresentar o conceito de ansiedade e como ela pode afetar nossa capacidade de memorização.

    Sabe aquele frio na barriga antes de falar em público, o coração acelerado ao perceber que podemos nos atrasar ou até mesmo pensamentos antecipatórios que nos impedem de dormir à noite? Essas podem ser algumas formas de manifestação da ansiedade. Porém, quando a ansiedade se encontra elevada pode surgir um outro sintoma.

    Aquela chave que some bem na hora em que precisamos sair, aquele e-mail importante que deveria ter sido enviado, aquele branco na hora da prova. Essa podem ser manifestações ligadas a altos níveis de ansiedade.  Mas antes de explorarmos como a ansiedade afeta a memória precisamos compreender o que é esse fenômeno do nosso organismo.

    O que é memória?

    A memória é um processo cognitivo que tem por finalidade armazenar e recuperar informações e ocorre através de 3 etapas distintas: a codificação, o armazenamento e a recuperação.

    • Codificação: Processo pelo qual informações são aquiridas. Neste momento inicial as informações percebidas pelos sentidos (visão, audição, tato, paladar, olfato, cinestésico e vestibular), são coletadas e modificadas para serem armazenadas da melhor maneira.
    • Armazenamento: O armazenamento pode ocorrer de diferentes formas, as quais possuem relação com tipo (memória episódica, semântica e processual) e o tempo que informações codificadas anteriormente necessitam estar na memória (memórias de curto, médio e longo prazo).
    • Recuperação: É o processo pelo qual as informações armazenadas são acessadas. Ou seja, o ato de lembrar.

    A memorização envolve uma série de etapas as quais dependem dos processos atencionais. Habilidade importantíssima que é afetada quando os níveis de estresse e ansiedade estão elevados.

    O papel da atenção

    A memória envolve uma série de etapas, nas quais os processos atencionais possuem um papel fundamental. Os processos atencionais estão ligados às funções executivas e podem ser classificados em diferentes tipos, alguns deles são:

    • Atenção Concentrada: É a capacidade de estar atento a uma só tarefa, ou seja, de se concentrar um único objeto.
    • Atenção Alternada ou Dividida: Habilidade de intercalar o foco da atenção entre diferentes tarefas, de acordo com a necessidade.
    • Atenção Sustentada: Capacidade de manter a atenção em determinado estímulo por um longo período.

    A atenção pode ser afetada pela ansiedade pois quando estamos ansiosos nosso cérebro se prepara para agir e o foco se torna o objeto de ameaça, seja ela físico ou psicológico. Mas nem sempre isso é algo ruim.

    Ansiedade mocinha ou vilã?

    Apesar do significado popularmente atribuído ao termo ansiedade, como algo desagradável que precisa ser combatido, a mesma é uma reação natural do organismo frente a possibilidade de um risco, no qual o corpo se prepara para reagir fugindo, paralisando ou lutando.

    Ao perceber uma ameaça, seja ela física ou psicológica, o sistema nervoso simpático é ativado. Em uma fração de segundos, adrenalina é liberada na corrente sanguínea que faz com que o coração bata mais rápido, aumentando a pressão e dilatando os brônquios, o que aumenta a capacidade respiratória, fornecendo mais oxigênio e nutrientes aos músculos. Enquanto o corpo todo se prepara para a lutar ou fugir a atenção se concentra na ameaça percebida.

    Quando estamos diante de uma situação que nos parece um risco, seja ela, uma freada brusca enquanto estamos atravessando a rua, ou a expectativa de apresentar aquele trabalho na frente da turma, todo o nosso organismo reage, provocando sensações como, coração acelerado, suor frio, frio na barriga, entre outros. Tudo isso é uma reação normal e importante do ponto de vista evolutivo e possui o objetivo de nos preservar de ameaças.

    Mas o problema está quando essas reações são ativadas em momentos que não deveriam ou em excesso. Em outras palavras, em vez nos ajudar acabam por atrapalhar. É importante notar que nem toda ansiedade é prejudicial. Pelo contrário, um certo nível de ansiedade pode ajudar a melhorar o desempenho da memória ao nos tornar mais alertas e focados.

    Medo ou ansiedade?

    As reações anteriormente citadas podem ser desencadeadas tanto em situações de medo como em situações de ansiedade, mas qual seria a diferença entre as duas manifestações?